Vai começar mais uma Copa do Mundo e, com ela, reacende o sentimento que mais caracteriza um torcedor de futebol, a paixão. Como se explica que uma nação inteira de uma hora para outra resolva apoiar uma seleção que passou quatro anos tentando evitar o vexame de ser eliminada e nem sequer ir para a Rússia?
Só um país "enfermo" por futebol poderia fazer a despedida que fez a Argentina nas últimas horas para o selecionado de Jorge Sampaoli. O vice-campeonato herdado do Mundial no Brasil não serve para absolutamente nada no coração dos Hermanos. A única coisa que eles levaram daqui foi o desejo e a esperança de ainda ver seu maior craque dos últimos tempos erguer uma taça.
Messi chegou a pedir para não ser convocado nesse último ciclo "mundialista". Sua seleção teve Tata Martino e "Patón" Bauza no comando técnico antes de chegar à Rússia pelas mãos de Sampaoli. Uma seleção que não tem um goleiro titular ainda. Romero se lesionou e deixou a disputa da camisa número 1 com Caballero, Guzmán e Armani.
Pela direita, ainda improvisações e antigos titulares lesionados. A Era de grande zagueiros passou e a missão de proteger o gol está com os discutidos Otamendi e Fazio. Do lado canhoto, um novato em mundiais, Nico Tagliafico. Em frente à defesa, ELE, o "JEFECITO", estará lá. Javier Mascherano já não tem mais o frescor de outros tempos, mas segue dando as cartas como líder do grupo e do time em campo.
O setor do time que causa maior estranheza e chega a soar de maneira surreal por sua ineficácia é do meio para frente. É difícil dizer que se passaram quatro anos e Messi continua sem "sócios". Mas é a mais pura verdade. Tem Lanzini, tem Lo Celso, tem Dybala, os veteranos Di Maria, Higuaín e Aguero e não tem um "casamento" com o 10. Incrível!
Tirando os questionamentos da crônica argentina do porquê Icardi, Centurión e Lautaro Martínez ficaram fora da lista e também as dúvidas do treinador e o futebol pífio apresentado nos últimos quatro anos, sobrará a paixão.
Assim vai a Argentina... A seleção que lotou a Bombonera e goleou o Haiti, que recebeu o presidente em sua concentração antes de tomar o voo rumo a Barcelona para a fase final de preparação e que fez o seu torcedor sofrer até aqui, levará na bagagem a paixão e a torcida pelo tri campeonato.
A seleção argentina eu até tento explicar... Mas alguém consegue explicar a paixão?
* Criador do site luchosilveira.com, especializado em futebol argentino.