São oito gols em 11 partidas com a camisa do Guangzhou Evergrande nesta temporada. Esse é o desempenho de Ricardo Goulart neste início de ano no futebol chinês, mas essa boa fase asiática não é de hoje e já dura há algum tempo, mais precisamente desde que chegou ao país, em janeiro de 2015. De lá para cá são oito títulos conquistados com o clube. Não é à toa que no Brasil, a cada janela de transferências, seu nome aparece entre os jogadores mais desejados.
— Eu sempre me preparo muito bem na pré-temporada, procuro sempre manter a forma durante as férias também, para que quando a gente inicie a temporada, eu possa já render bem, ajudar a minha equipe. Creio que tenha sido essa a razão para o meu bom começo de ano - contou Goulart.
Aos 26 anos, o atacante bicampeão brasileiro com o Cruzeiro soma 87 gols em 132 jogos oficiais na China, números que são consequência de uma adaptação muito rápida ao país, e que rapidamente tornaram o brasileiro um dos ídolos do clube.
— Cada um tem as suas razões. Às vezes uma situação familiar, climática, cultura. Eu nunca tive esse problema (adaptação), a cidade em que moro é muito boa, me adaptei rapidamente à cultura daqui. Claro que às vezes faz falta a comida, os amigos, família, mas sou muito bem adaptado aqui, sim - contou.
Está enganado, porém, quem pensa que Ricardo Goulart já conquistou tudo o que o queria na China. Para ele, os objetivos são constantes e se depender de sua vontade, vem mais coisa pela frente.
— Quanto mais eu puder conquistar, melhor. Graças a Deus já pude conquistar todos os troféus aqui, também algumas realizações pessoais, marcas, artilharia, destaque. Se eu puder repetir tudo isso neste ano, seria muito bom.
Essa boa fase constante também acaba frustrando os planos daqueles clubes brasileiros, como o Palmeiras, que pretendem repatriar um dos principais nomes do futebol chinês, uma vez que o Guangzhou não se mostra interessado em liberar o jogador que tanto lhe dá retorno, e o atleta se mostra satisfeito com a atual situação.
— Esses assuntos eu deixo sempre com meu empresário, prefiro nem me aprofundar nessas questões. Soube que houve sim uma consulta, mas continuei fazendo meu trabalho e deixei que ele cuidasse disso. Estou bem aqui, focado, quero fazer o meu melhor sempre - declarou.
Sobre Seleção Brasileira, Goulart confia que Tite tem ciência de suas virtudes e segue aguardando uma oportunidade, mesmo que seja para depois da Copa do Mundo. Para ele, a convocação será uma consequência de seu trabalho no Guangzhou
— Já falei em algumas oportunidades sobre Seleção Brasileira. Seguirei trabalhando sempre em prol do meu clube, da minha carreira, e, se um dia acontecer, vou ficar muito feliz, o Tite conhece meu trabalho - concluiu.
Confira a entrevista completa com Ricardo Goulart, jogador do Guangzhou Evergrande, da China:
É possível identificar as mudanças de estilo do Felipão para o Cannavaro? Em que elas foram positivas ou negativas para você?
Quando muda o treinador, sempre mudam os métodos de trabalho, filosofia... Isso é natural, todos que trabalham com o futebol estão acostumados com isso. O Cannavaro tem implantado o que ele entende como ideal aqui para a gente, tem sido muito bom, bem bacana. Uma experiência bacana.
O seu time é um dos mais fortes da China e um dos mais fortes do continente. Como é lidar com esse favoritismo?
Por estar aqui já faz tempo, estou bem acostumado com isso. Entramos sempre nas competições com este status de um dos favoritos, de brigar por títulos. Mas não me incomoda, não. Gosto bastante do desafio, de brigar por conquistar sempre mais troféus.
Acredita que o nível do futebol tem crescido desde a sua chegada? O que ainda falta?
Cresceu, sim. Acho que cresce a cada ano com a chegada mais atleta de alto nível, mais investimento também em outras equipes. Tem ficado cada vez mais complicado para se manter vencendo, conquistando, está cada vez mais equilibrado. Que melhore cada dia mais.
Alguns jogadores ainda torcem o nariz para uma transferência para a China, mas ao mesmo tempo muitos nomes de peso têm aceitado o desafio. Você recomendaria a mudança de um colega para a China? Por quê?
Eu não posso, claro, falar por outros atletas. Eu me adaptei bem e vivo muito bem por aqui, mas tenho ainda alguns objetivos de carreira que vou perseguir. Depende muito do atleta, dos objetivos dele, enfim. É um país muito bom, povo muito receptivo.
Além da Seleção, você deseja uma oportunidade no futebol europeu?
Todo jogador sonha, sim, em atuar no futebol europeu. É possível, até por isso estou fazendo o meu trabalho aqui da melhor forma, me preparando, pegando firme. É um objetivo que tenho na minha carreira, não escondo isso de ninguém, então vou trabalhar para isso.