Uma campanha de jornalistas mulheres do Brasil ganhou repercussão mundial. O #deixaelatrabalhar surgiu depois de uma série de assédio e injúria sofridos pelas repórteres que acompanham o futebol no Brasil.
A ideia ganhou corpo depois de Bruna Dealtry, do Esporte Interativo, ser beijada à força por um torcedor durante a transmissão. Foi corroborada pelo episódio recente da jornalista da Rádio Gaúcha, Renata de Medeiros (e anterior ao de Bruna), em que foi hostilizada e agredida por um torcedor do Inter enquanto fazia reportagem no Gre-Nal 413, que marcava o Dia Internacional da Mulher.
O vídeo ganhou apoio de outras jornalistas mulheres e destaque na imprensa internacional. No Mundo Deportivo, da Espanha, a manchete fala do pedido de respeito feito pelas brasileiras, assim como o Marca e Antena 3, ambos espanhóis. A BBC e o The Guardian também publicaram a luta contra o assédio das jornalistas.
Ainda no domingo, quando iniciou a repercussão nas redes sociais, os clubes manifestaram apoio às mulheres. Atlético-MG, Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Inter, Palmeiras, Paysandu, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Sport e Vitória abraçaram o movimento também.
As 52 jornalistas publicaram o manifesto a fim de colocar luz sobre os frequentes casos de assédio e machismo que elas precisam enfrentar na rotina pelo futebol, seja por colegas de trabalho, jogadores, dirigentes ou torcedores.
– Isso acontece todos os dias, mas a gente não fala por vergonha ou por medo da exposição. Eu queria encorajar outras mulheres: primeiro, aqui na minha redação. Fizemos um grupo, depois foram entrando meninas de outras redações e, em uma semana, eram 50 jornalistas, aproximadamente. E começamos a produzir texto, vídeo, virando a noite para editar... Estamos aprendendo muito também! – disse a repórter Bruna Dealtry ao site Purepeople.