A Polícia Civil obteve, na Justiça, um mandado de prisão preventiva contra Carlos Fabrício Sugo Molina, uruguaio suspeito de ter planejado o furto de R$ 400 mil do apartamento do ex-jogador do Grêmio Maxi Rodríguez, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, em dezembro passado.
O inquérito deve ser encerrado na próxima semana com o indiciamento de Molina e da sua namorada, moradora de Porto Alegre, por furto qualificado, conforme o delegado Cesar Carrion, da 2º Delegacia de Polícia, titular da investigação.
— Tudo indica que ele (Molina) está no Uruguai. Vamos começar trâmites internacionais, buscar acionar a Interpol e outros meios diplomáticos para encontrá-lo — explica Carrion.
A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira (15) na casa da mulher que era namorada de Molina à época do furto, mas nada relevante foi encontrado para a investigação. Nas câmeras de vigilância do condomínio, a mulher é vista entrando no prédio de mãos vazias, quando o apartamento estava vazio, e saindo com uma sacola, onde supostamente teria sido depositado o dinheiro. A possibilidade de descobrir o uruguaio na casa dela durante as buscas foi frustrada, o que reforçou a hipótese de que ele tenha rumado ao seu país natal.
— Não pedimos a prisão dela porque sempre que solicitamos, compareceu. Inclusive ela se submeteu a um reconhecimento com o funcionário do prédio, que a reconheceu. Nos depoimentos, a mulher nega qualquer participação — diz o delegado.
Até agora, não há sinal do dinheiro furtado do ex-jogador do Grêmio.
O caso
A história começa com três uruguaios: o próprio Maxi, um atleta da categoria de base do Grêmio e o suspeito Molina, torcedor do Peñarol de 26 anos que estava residindo e trabalhando na Capital gaúcha. O imóvel de onde a quantia teria sido surrupiada na noite de 21 de dezembro de 2017, quando estava vazio e recebeu a visita de uma mulher misteriosa que trajava turbante e portava as chaves, é de propriedade de Maxi. Ele passou o segundo semestre do ano na Argentina, defendendo o San Martín, de San Juan, e abriu as portas do apartamento para abrigar o compatriota que joga na base gremista. Um dos empresários de ambos é o mesmo, e ele também se vale eventualmente da moradia para hospedar atletas.
Ingressa na narrativa, agora, Molina, o "hincha" fanático pelo Peñarol. Ele conheceu o jovem da base gremista - que começou a carreira neste tradicional clube uruguaio - em um torneio de futebol em Porto Alegre. Inicialmente, se identificaram em assuntos relacionados ao carbonero de Montevidéu, uma das camisas mais consagradas do futebol da América do Sul. Mantiveram contato pelas redes sociais e se tornaram amigos.
Novato na Capital gaúcha, o jovem, certa vez, comentou que estava precisando de uma empregada doméstica para limpezas eventuais no apartamento do Menino Deus. Molina teria resolvido o problema no ato: indicou a sogra, que passou a frequentar o imóvel. Sempre que asseava o lugar, recebia um controle para abrir duas portas de entrada do prédio e a chave do apartamento. A vida seguiu até o dia 21 de dezembro de 2017, data em que Maxi esteve em Porto Alegre para, segundo informação prestada por ele à Polícia Civil, receber o dinheiro como parte de um acordo com o Grêmio.
Na tarde que antecedeu o furto, Molina conversou com o jovem aspirante a atleta profissional do Grêmio. Perguntou o que ele iria fazer nas horas que estavam por vir. A resposta: sair para um jogo de futebol, à noite, com Maxi. Eles voltaram a se falar por aplicativo de mensagens já sob a luz da lua. Em meio ao papo, o atleta gremista disse que estava na partida, como havia informado mais cedo. O torcedor do Peñarol pediu que ele enviasse uma foto no local, o que foi feito. Agora, havia um indicativo evidente de que o apartamento do Menino Deus estaria vazio.
Antes de o diálogo ser encerrado, o hincha informou que estava na Cidade Baixa com a namorada. Ela é filha da empregada doméstica que fazia limpezas no imóvel.
Às 21h35min de 21 de dezembro, a então companheira do torcedor do Peñarol, de 44 anos, chegou ao prédio com o turbante rosa. Ela tinha o controle para ultrapassar as duas portas do acesso ao térreo, mas um vídeo da câmera de segurança mostra que o porteiro deixou a sua cabine para interpelar a mulher, chegando a dar alguns passos atrás dela. Estranhando a situação, ele perguntou onde ela iria. Embora seja brasileira, ela respondeu em espanhol, citando o imóvel de Maxi.
Dez minutos depois, a mulher, que chegou de mãos vazias, saiu carregando uma sacola de papel pardo em que, supostamente, estavam os R$ 400 mil.
Depois de retornar ao apartamento e se dar conta do sumiço do dinheiro, Maxi registrou ocorrência na 2ª DP às 5h22min da madrugada de 22 de dezembro, sexta-feira.