Depois de um janeiro turbulento, o Fluminense está em busca de dias mais tranquilos. Nesta sexta-feira, o diretor Paulo Autuori atendeu à imprensa e, sempre que possível, ressaltou a importância de "pensar no amanhã".
De acordo com Autuori, é nesse sentido que a diretoria vem trabalhando e a regularização dos salários foi o primeiro passo para obter resultados positivos.
— Essa é a preocupação principal: o dia seguinte. Não adianta resolver uma coisa e não ter condições de mantê-la. Esse é o grande problema do futebol brasileiro, por isso existe a oscilação. Sempre nos preocupamos com o aqui e agora. A liderança tem que ser muito firme e tomar medidas impopulares mas que, a médio e longo prazo, nos deixem condições de manter a estabilidade.
Contratado pelo Fluminense nesta temporada, Paulo Autuori reforçou que não está no clube para contratar e negociar a vinda de jogadores, tampouco para apresentá-los à torcida e imprensa. O objetivo do diretor é tornar o ambiente de trabalho o mais saudável possível e tem contado com o apoio da direção.
Questionado sobre reforços, Autuori ressaltou que as necessidades estão sendo trabalhadas em conjunto com a comissão técnica. Sobre os reforços pedidos por Abel Braga, o diretor disse que o técnico sabe da situação financeira do clube e que a parceria com o treinador tem sido ótima.
— O Abel não está atrás de presentes, se não ele estaria em outro caminho. Gostaria de dizer o quão importante é ter um profissional como o Abel que se propõe a trabalhar em um momento dificuldade. Isso mostra a confiança que temos na diretoria. Ele sabe exatamente a situação do clube. Ele mesmo disse que o maior reforço seria regularizar a situação. Tudo que fizermos em relação a vinda de jogadores é feita em conjunto. Sei o que Abel deseja, e isso está dentro do clube pode oferecer. Por isso vou realçar sempre a maneira como esse profissional está completamente voltado para exercer seu trabalho dentro da atual conjuntura.
O turbulento início de 2018
A fase conturbada no Tricolor ainda em 28 de dezembro, quando o clube divulgou uma lista de dispensa com oito nomes: Diego Cavalieri, Henrique, Marquinho, Arthur, Robert, Higor Leite, Maranhão e Wellington Silva (lateral).
As dispensas causou polêmica e não teve boa repercussão entre os atletas, especialmente após as declarações de Diego Cavalieri e Marquinho, que questionaram o fato de serem avisados que estavam fora dos planos um dia antes do anúncio, segundo o goleiro, e pela imprensa, de acordo com o meia.
O presidente Pedro Abad chegou a pedir desculpas pelo tratamento dado aos jogadores pela forma com que as respectivas dispensas foram conduzidas.
Depois, a partir da reapresentação do elenco em 4 de janeiro, veio a público a ação de Gustavo Scarpa contra o clube. O meia conseguiu a rescisão na Justiça e acertou com o Palmeiras. O último recurso do Fluminense foi negado. Quem seguiu o mesmo caminho foi o zagueiro Henrique, que reforçou o Corinthians.
Em meio às saídas, dispensas e vendas, quem trabalhava no CT Pedro Antonio vivia com a incerteza dos salários atrasados. O débito da diretoria com o time chegou a ser de dois meses na CLT, quatro meses de direitos de imagem e férias e 13º dos anos de 2016 e 2017. A diretoria prometeu quitar todos os vencimentos em janeiro e cumpriu a palavra no último dia 31, o que só foi possível pela venda de Wendel por R$ 29 milhões ao Sporting, de Portugal.
Confira as respostas de Paulo Autuori, diretor de futebol do Fluminense
Defesa ao trabalho da diretoria e elogios ao presidente Pedro Abad
Gostaria de colocar uma coisa muito clara. no momento do pais que não vemos sinceridade transparências nas decisões, ressaltar o que o presidente tem feito junto aos funcionários. tenho certeza que é um cara extraordinário, transparência, sinceridade que fazem falta ao mundo de hoje e transcendem ao futebol. quero dizê-lo que ponho em causa os meus 43 anos de carreira que conheci pouquíssimas pessoas e dirigentes como eles. Tudo isso para que ele saiba que o departamento de futebol fará tudo que for possível para que ao final do mandato dele todos tenham orgulho.
Interferência política no desempenho do time
Chance zero de acontecer. Isso não respinga em nada. Temos um treinador do nível do Abel, credibilidade enorme e asseguro que as palavras que proferi agora o Abel assina em baixo. Estamos trabalhando em conjunto, está ótimo e muito prazeroso. E são três Libertadores e dois Mundiais, a política não vai interferir. Não conheço nenhuma campanha vitoriosa em que não se passou dificuldades. O equilíbrio é que temos que buscar, acredito que eu e Abel podemos contribuir muito nisso em não deixar o grupo ser interferido pelo externo.
Número de reforços que a diretoria trabalha para a temporada
O mais importante é ter o olhar interno. O que se faz aqui? Depois se vai ao mercado. É o seguinte, quem foi o clube que melhor se movimentou? Contratou 15 jogadores. Isso, para mim, é sinônimo que não se tinha nada. A ideia é de continuidade. É tornar esse time jovem competivivo e que venham jogadores que sejam de mais valia. Vamos ter um olhar interno. Não adiantar plantar nomes, agradecemos a solidariedade, mas sabemos o que queremos e onde queremos chegar.
Ultimato à diretoria caso os salários não fossem regularizados em janeiro, como prometido aos jogadores
Eu não trabalho com ameaças. Tem muita gente que fala e não respalda suas palavras. Isso jamais ocorreu. Antes da minha vinda, houve um compromisso. Uma das coisas era de ir ao encontro ao que Abel falou no ano passado sobre a importância de estar com a situação regularizada. Minha confiança era total nas pessoas envolvidas. Foi isso que passei aos jogadores, total confiança à direção. "Se não acontecer isso, não poderei dar continuidade ao meu trabalho." É por isso que coloco meus 43 anos de carreira pelo caráter do presidente. Foi isso que aconteceu.
Reforços
Nós vamos tentar criar condições para que a equipe cresça competitivamente e que os jogadores que vamos trazer ao longo do ano sejam de mais valia com uma equipe em construlão. Abel vai tentar os jogadores que ele deseja desde que eles estejam dentro da realidade do clube.
Nós sabemos exatamente o que queremos. É construído com Abel, comissão técnica, talvez possámos confirmar a vinda de um jogador nos próximos dias. Quero dar um recado claro que ninguém comanda o futebol do Fluminense de fora para dentro. Não adianta tentar plantar nomes. O respeito que temos pelos envolvidos é enorme. Sabemos quem queremos e quem podemos contar. Não percam tempo plantar notícias. Não vamos nem desmentí-las.
Trabalho e funções no Fluminense
Não estou aqui para contratações, negociar valores... Questão financeira e econômica me transcendem. Estou como guardião do futebol do Fluminense. Vou lutar demais para que o dia a dia seja tranquilo e que os profissionais possam exercer seu melhor trabalho. Não deixar que coisas de fora interfiram no trabalho. Meu trabalho é criar práticas e defender o departamento de futebol e ver todos funcionários felizes em exercer seu trabalho como devem exercer.