Um grupo de 10 agremiações esportivas do país oficializou nesta quarta-feira (20) a criação da Associação dos Clubes Olímpicos, em evento na sede do Flamengo, no Rio de Janeiro.
O objetivo da união é buscar mais voz nas decisões do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que recentemente alterou seu estatuto para permitir maior participação dos atletas na entidade.
Os dirigentes que representaram os clubes – Flamengo, Pinheiros, Minas, Grêmio Náutico União (GNU), Hebraica/SP, Corinthians, Curitibano, Sogipa, Pedro Álvares Cabral/ES e Paulistano – lutam por duas cadeiras no Conselho de Administração da entidade nacional. Ao todo, são 15 vagas. No texto atual, os esportistas já asseguraram 12 assentos na Assembleia Geral.
De acordo com a Associação, 84% dos atletas da delegação olímpica nos Jogos do Rio 2016 foram formados em clubes. Eles usam esse argumento tentar espaço nas discussões. Hoje, por exemplo, a divisão dos recursos da Lei Agnelo-Piva é feita inteiramente pelo COB.
– Queremos ter direito a duas vagas de membros independentes no Conselho Administrativo do COB. Aos poucos, fomos perdendo voz no esporte brasileiro, e a estrutura do esporte brasileiro está errada, no que diz respeito à divisão de poder, divisão de receitas. Por isso, estamos refundando a Associação dos Clubes Olímpicos. Recentemente, na imprensa, se discutiu muito quantos atletas iriam participar do COB, e os clubes foram esquecidos – disse o vice de Esportes Olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa.
Os clubes divulgaram números para justificar o pedido. Segundo eles, no último ciclo olímpico, as associações empregaram mais de R$ 350 milhões e os investimentos de projetos ultrapassaram os R$ 225 milhões. O total investido entre 2012 e 2016 superou os R$ 575 milhões.
– O esporte no Brasil é uma Brasília velha, que não funciona mais. Temos que construir um novo sistema. Não é da noite para o dia, mas pode ser feito com a vontade de todos. O sistema nacional do esporte, em especial dos esportes olímpicos, ruiu. Temos a expertise de colaborar na formação de um novo sistema. O atual é corrupto, destrutivo. Não sabemos exatamente o queremos, mas temos que construir juntos. O que está aí não queremos mais. Estamos estendendo a mão ao COB, ao Ministério do Esporte, às federações, para essa construção. A situação do COB, internacionalmente, nos envergonha muito – declarou o vice-presidente do Náutico União de Porto Alegre, Paulo Prado.
O COB voltou a afirmar que a solicitação poderá ser avaliada, uma vez que o novo estatuto passará por revisão a cada dois anos.
Leia a posição oficial do COB
Primeiramente, o Comitê Olímpico do Brasil reconhece que os clubes exercem papel fundamental na formação e desenvolvimento dos nossos atletas. Os clubes estão inseridos no Sistema Nacional de Desporto e contam, inclusive, com uma entidade que os representa, no caso o Comitê Brasileiro de Clubes, que por sua vez recebe recursos diretamente da lei.
No último ciclo olímpico o diálogo com os clubes foi intensificado em função dos Jogos Olímpicos Rio 2016, com o apoio direto do COB para a preparação de dezenas de atletas olímpicos, de forma a otimizar os projetos estabelecidos com as Confederações e os próprios clubes.
Um dos avanços recentes significativos do COB é a possibilidade de revisão de seu estatuto a cada dois anos. Assim, as reivindicações que venham a ser feitas pelos clubes, através do Comitê Brasileiro de Clubes, poderão ser analisadas em 2019.
Sobre a presença de representantes dos clubes como membros independentes no Conselho de Administração do COB, o parágrafo 6º do Artigo 40 prevê: "Para fins de definição, considera-se independente aquele que não mantém ou manteve nos últimos 2 (dois) anos qualquer vínculo econômico ou jurídico com entidades do Sistema Nacional do Desporto, bem como seus parentes, afins ou consanguíneos, até o segundo grau".