O veterano Zé Roberto chorou e fez vários jogadores chorarem no vestiário do Allianz Parque antes da vitória do Palmeiras sobre o Botafogo, por 2 a 0, na noite de segunda-feira. Momentos antes de sua partida de despedida, o jogador, que passou pelo Grêmio entre 2012 e 2014, reuniu os companheiros pela última vez na carreira, fez um discurso inflamado e pediu que jogassem por ele.
Alguns, como Jailson e Tchê Tchê, cantaram para o amigo a música "Você", de Tim Maia: "Vou morrer de saudade... Não, não vá embora".
O preparador físico Omar Feitosa e atletas como Mayke, Luan, Deyverson, Willian e Moisés não conseguiram segurar as lágrimas durante a preleção. O camisa 10, aliás, admitiu que não jogou bem por não ter conseguido se concentrar na partida.
— Foi um dia atípico, não controlei minha emoção, não conseguia pensar no jogo, só pensava no Zé. Principalmente no começo do jogo, eu estava em campo, mas não conseguia pensar muito no jogo. Hoje minhas pernas tremeram mais do que no jogo com o Barcelona, quando fui bater aquele pênalti decisivo. Aí você vê a dimensão e a responsabilidade que era conquistar uma vitória — disse Moisés, que ainda estava chorando ao entrar no gramado.
— Eu me emocionei, não tenho vergonha de falar. Me emocionei no vestiário, aí controlei um pouco mais, mas chegou na hora de fechar de novo, e ele falou que precisava da gente. Fiquei uns cinco minutos chorando, toda vez que olhava para ele batia essa memória. Não tinha coisa melhor para a gente fazer do que dar uma vitória para ele. Por tudo o que ele fez, pela carreira vitoriosa, ele merecia terminar com uma vitória para ter essa festa que teve. Então realmente foi um dia marcante, e vou colocar no currículo que participei da despedida do Zé Roberto. É como um título — acrescentou.
Em seu discurso, o camisa 11 disse que o futebol foi sua vida e aconselhou os colegas a valorizarem cada momento, porque o fim chega rápido. Ele colocou uma lata de lixo no meio da roda e colocou medalhas e credenciais dentro dela para mostrar que isso, no esporte, um dia é esquecido. Segundo Zé, o legado que fica é o da raça, da vontade de ser profissional.
— É emocionante. Ele falou algumas palavras antes de começar o jogo que foram de arrepiar, teve jogador que chorou muito. O que ele falou para nós foi muito emocionante. Se vocês estivessem lá dentro, veriam. As últimas palavras dele no vestiário foram: "deem essa vitória para mim" — disse Keno.
— Ele tem esse dom da palavra. Quando ele fala todo mundo fica emocionado. Não foi diferente. Todos os jogadores agradecem por terem convivido com ele, por ele ter nos ajudado. O Palmeiras agradece também por ele ter jogado aqui. Espero que ele não nos abandone e de vez em quando dê uma passada no CT para dar um abraço. Quem sabe no futuro até possa trabalhar no Palmeiras — finalizou Dudu.
Zé Roberto dará uma entrevista coletiva nesta terça-feira, às 12h, na Academia de Futebol, e na sequência deve ser liberado para sair de férias.