Há um dilema irremediável no confronto entre Manchester City x Napoli, nesta terça-feira, às 16h45min, pela Liga dos Campeões. No campeonato local, o time de Josep Guardiola é o líder em posse, com média de 64,9% de controle da bola. O Napoli é o campeão da mesma estatística no Italiano, com 60,2%. Seria prudente o árbitro do jogo levar duas bolas para o campo, uma para cada equipe.
Os números indicam as semelhanças nos estilos de City e Napoli, além de mostrar que a proposta de jogar com passes curtos e envolventes não está no polo oposto dos resultados. Os dois times lideram as ligas que disputam, sendo que o City na mais competitiva competição nacional da Europa, e o Napoli com menos recursos financeiros e técnicos que a Juventus.
Mais: Guardiola e Maurizio Sarri, o ótimo técnico do Napoli, demonstram que jogar para frente não resulta em fragilidade atrás. Em oito rodadas na Itália, o ex-time de Maradona sofreu apenas cinco gols. Já os azuis de Manchester foram vazados só quatro vezes em oito partidas.
Não é a força defensiva, porém, que faz das duas equipes as "queridinhas" de torcida e crítica neste início de temporada europeia. Nas redes sociais, pipocam vídeos de jogadas que passam de pé em pé, envolvendo quase todos os jogadores até chegar ao gol adversário. Os movimentos, o toque de bola, a confiança no passe curto, tudo é parecido. Os técnicos não negam.
— Vamos enfrentar a equipe que joga o melhor futebol da Itália — elogiou Guardiola logo após o sorteio dos grupos da Liga dos Campeões.
— Eu assisti a alguns jogos do Manchester City. Não quis ver todos para não entrar em depressão — devolveu um bem-humorado Sarri.
Para quem gosta de futebol bem jogado, da perfeição técnica, do jogo visto como algo coletivo e não como uma mera reunião de individualidades, o programa é imperdível. Melhor ainda seria se o juiz lembrasse de levar uma bola para cada um.
OLHO NELES
Kevin De Bruyne — Antes um jogador que atuava aberto, com bom drible, De Bruyne foi se transformando, sob o comando de Guardiola, em um meio-campista completo. Hoje atua como uma espécie de meia-direita, mas faz de tudo. Recua para ajudar na saída de bola, aparece à frente da área para "pifar" os companheiros com passes precisos e sabe pisar na área e finalizar. Vive um momento mágico.
Dries Mertens — Outro belga em grande momento. Com 1m69cm, atua como centroavante. Evidente que não se arrisca a partir para o choque físico com os zagueiros. Prefere se mover por todo o ataque, o que não significa que não faça gols. É o artilheiro do Napoli no Italiano, com sete.