Dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, Robert Scheidt reuniu a imprensa para anunciar oficialmente o fim de sua participação em Jogos Olímpicos.
No encontro desta terça-feira (17) no Yacht Club Santo Amaro, em São Paulo, o velejador explicou as razões para não seguir com o ciclo até Tóquio 2020 na classe 49er, mas deixou claro que não se trata do encerramento de sua carreira como atleta.
– Aposentadoria é uma palavra muito forte. Não me vejo de pijamas, sentado no sofá e assistindo TV. Meu instinto competitivo ainda é muito forte e o esporte está no meu sangue. Seguirei velejando em diferentes classes – explicou o atleta.
Quando fala em diferentes classes, Robert se refere a experimentar novos ares na carreira esportiva.
– Sempre recebi convites para competições de vela oceânica e sempre disse não, em função dos projetos olímpicos. Agora poderei dizer sim. Temos grandes eventos, como a Volvo Ocean Race e a America's Cup, entre outros, e, quem sabe, não surge uma oportunidade. Está se fechando uma porta, mas tenho certeza que muitas outras se abrirão – comentou o bicampeão olímpico.
As razões para deixar a 49er estão nos músculos e no coração.
– Não é fácil começar do zero em uma categoria que exige muito do físico. Sofri com algumas leões nessa temporada e o período de recuperação não é mais o mesmo. Eu precisaria de muito mais tempo de treino para chegar competitivo em 2020 e, nessa altura da vida, não quero abrir mão da família. Tenho dois filhos pequenos, minhas maiores medalhas, e estar com eles e com minha mulher é muito importante – esclareceu o iatista de 44 anos, sobre Erik, de oito anos, e Lukas, de quatro, fruto do casamento com a lituana e também velejadora Gintare.
Scheidt completou que não vai esquecer as raízes:
– Continuarei nas classes Star, agora mais intensamente em 2018, e Laser, pois preciso da adrenalina do iatismo.
O próximo desafio será justamente na Star Sailors League (SSL), em Nassau, no mês de dezembro, ao lado Henry Boenning, o Maguila. Scheidt tomou a decisão de partir para um novo rumo na carreira de modo consciente e maduro. Mas nem por isso deixa de se emocionar:
– Certamente terei saudades. A coisa mais linda que existe é defender seu país, ainda mais nos Jogos Olímpicos. Sei que vou sentir falta de acordar todo dia com aquele objetivo de ganhar uma medalha, pois a Olimpíada é como uma montanha que você escala um pouco a cada dia, até chegar ao topo. Mas seguirei no esporte, tive uma carreira a qual fiz sempre o máximo que podia e não me arrependo de nada. Foram seis olimpíadas, cinco medalhas e muito orgulho por ter defendido o Brasil.
Formação de novos iatistas
Além de seguir competindo, Scheidt pretende colaborar na formação das novas gerações de iatistas brasileiros.
– Pretendo iniciar clínicas a partir do próximo ano para passar um pouco da minha experiência e conhecimento para a garotada. Apresentei essa ideia para o Banco do Brasil, meu patrocinador, e ela foi muito bem recebida – revelou.
– Já atuei como conselheiros de jovens atletas de alto rendimento e foi muito bacana. Tratamos de pressão e como encarar grandes competições e o retorno que recebi foi altamente positivo.
O currículo do campeão
Cinco medalhas olímpicas
Ouro – Atlanta 1996 e Atenas 2004 (ambas na classe Laser)
Prata – Sydney 2000 (Laser) e Pequim 2008 (Star)
Bronze – Londres/2012 (Star)
176 títulos
86 internacionais e 90 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016
Laser
Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
Três medalhas olímpicas
Star
Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
Duas medalhas olímpicas
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe