Ser diagnosticado com linfoma de Hodgkin não afastou Wagner do São José, finalista da Copa Paulo Sant'Ana. Agora que não pode jogar, o zagueiro encontrou sua nova posição na equipe: é o mais fanático torcedor. Nessa função, está liberado para orientar companheiros, provocar adversários e, principalmente – para usar suas palavras –, azucrinar a arbitragem.
– Bah, eu azucrino mesmo. O juiz me olha e já começa a rir. Mas se eu já incomodava em campo, imagina agora. Depois dos jogos, eles me abraçam, conversam, perguntam como estou. Ficamos numa boa – comenta o jogador de 27 anos enquanto faz uma de suas últimas cinco sessões de quimioterapia.
Ele reage muito bem ao tratamento contra a doença que tentou derrubar seu sistema imunológico. Em dezembro, tomará os últimos medicamentos, fará os exames finais e, se tudo continuar caminhando bem, em janeiro voltará a trabalhar. Sua ideia é jogar ainda no Gauchão, mas se contenta em atuar na Série D. Para isso, precisa de uma ajuda dos companheiros. Se a equipe vencer a Copinha, optará por essa competição em detrimento da Copa do Brasil.
– Quero voltar o quanto antes, sinto muita saudade de jogar bola. Às vezes fico triste, mas daí em seguida mudo o pensamento e lembro que falta pouco para voltar – diz.
Um de seus alvos preferidos na hora de incentivar é o goleiro Fábio. Colega de Wagner desde a base, o capitão encontrou sua faceta goleadora, sendo o vice-artilheiro da Copa Paulo Sant'Ana. O zagueiro não perdoa:
– Falei para ele: "agora tens que resolver atrás e na frente, te vira, irmão branco!"
Enquanto só torce para Fábio e os colegas, dedica-se à família. Seu filho Antônio (quatro anos) ganhará uma irmã a qualquer momento. A mulher, Luana, está no fim da gestação da pequena Maria Helena. E a chegada da menina possibilitará ao zagueiro realizar seu grande sonho.
– Quando voltar, no meu primeiro jogo, quero entrar com meus dois filhos em campo. Aí, sim, vai ser missão cumprida.