A decisão da CBF de implementar a utilização de árbitro assistente de vídeo após o gol de braço de Jô, do Corinthians, vitória sobre o Vasco por 1 a 0, segue causando polêmica. O comentarista e ex-árbitro Leonardo Gaciba criticou o momento em que o recurso começará a ser usado — embora concorde que é necessário contar com o auxílio digital.
— Em primeiro lugar, acho que é bom não misturar as coisas. O árbitro de vídeo é um projeto legal, que tem que ser levado adiante, que tem que ser colocado em prática. A velocidade do jogo de futebol passou a ser um desafio acima dos limites humanos. Os árbitros de futebol perderam a guerra para a velocidade do jogo, não conseguem mais enxergar tudo o que acontece dentro de campo. Nada mais justo que o mostrado em 10 ou 20 câmeras seja colocado também à disposição do árbitro — opinou, em entrevista ao Estúdio Gaúcha na segunda-feira (18), e completou:
— Agora, a respeito da decisão da CBF, eu acho que é um equívoco, porque é trocar o pneu com o carro andando. Vão ter que colocar pessoas despreparadas e destreinadas para exercer uma função que nunca fizeram na vida. Eu tenho sete anos como comentarista de arbitragem e não me sentiria seguro para assumir essa função. E, querendo ou não, é o que faço toda quarta e todo o domingo: analisar o trabalho do árbitro por meio do vídeo.
Gaciba também ressaltou a preocupação com as condições técnicas da implementação, já que não há treinamentos formalizados para assistentes auxiliarem os árbitros com recurso digital.
— O problema é a questão de quem vai operar, como isto vai ser feito. Se a própria Fifa está conseguindo agora, depois de dois anos de estudo, fazer um protocolo, e CBF vai simplesmente dizer entrem, façam e pronto? Eu acho meio complicado. A grande verdade é que eu tenho medo que isso entre em descrédito, um projeto que é legal. O exemplo que a Fifa tem, que foi a Copa das Confederações, não foi nada legal. Em vez de solucionar problemas, trouxe ainda mais problemas, mais debates — afirmou.
Sobre o lance que desencadeou toda a polêmica, Gaciba foi taxativo: não é a malandragem que dá graça ao futebol, ao contrário do que alguns defendem. Para o comentarista, a existência de um auxiliar de vídeo fará bem ao esporte no sentido de tornar o jogo mais justo:
— Eu não gosto que isso ainda aconteça. Eu não acho nada bacana. Me assusto quando ouço dizerem que o futebol vai perder a graça por não poderem fazer gol com a mão. O futebol vai ser um esporte com mais justo, com mais ética, respeito às regras, ao torcedor. Eu não curto este tipo de atitude. Acho que o Jô mandou mal demais.