Paris e Los Angeles serão, respectivamente, as sedes dos Jogos Olímpicos de 2024 e 2028. Ambas as cidades receberão a chama olímpica pela terceira vez.A capital francesa voltará a ser palco do maior evento esportivo do planeta, exatamente cem anos depois. Pergunto: será que o Rio de Janeiro conseguirá, daqui a um século (para ser mais exato 99 anos), voltar a ser olímpico, desta vez de maneira sustentável e planejada?
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O presente em crise é enfático em dizer não, mas gostaria que o futuro revertesse essa "Sina Severina". Passado um ano do Rio 2016, continuo dividido: tive a oportunidade de estar presente no Parque Olímpico participando de momentos mágicos que só o esporte pode proporcionar. Realização de um sonho que contrasta com toda a tristeza, para não dizer revolta, de ver tudo o que envolveu – e continua envolvendo – a organização do evento fora do aspecto esportivo.
Até hoje não se sabe exatamente qual o gasto público para sediar a Rio 2016. O legado olímpico se perdeu na crise do Rio de Janeiro – praticamente todas as sedes olímpicas estão subutilizadas ou em visível degradação. Confederações de diversas modalidades, como a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) tentam se reerguer com novas diretorias, após inúmeros escândalos denunciados.
As mais diversas modalidades esportivas continuam longe das escolas. O atleta de alto rendimento não se fabrica, é natural consequência de um projeto que se inicia na infância. A massificação do esporte escolar é a semente de tudo, vitória da cidadania.
A ressaca olímpica só não é ainda maior porque o Brasil ainda se orgulha de talentos individuais, que lutam contra tudo e contra todos. Como foi bom poder ver, recentemente, a carismática Etiene Medeiros se tornando a primeira nadadora do Brasil a conquistar uma medalha de ouro em Campeonato Mundial em piscina longa. Depois de a natação brasileira passar em branco nas águas do Rio 2016, Bruno Fratus finalmente sorriu ao levar a prata nos 50m livre. Ele fez seu melhor tempo e só não se sagrou campeão mundial porque a piscina de Budapeste viu nascer um novo mito: com apenas
20 anos, Caeleb Dressel igualou o recorde de Michael Phelps com sete medalhas de ouro num mesmo Mundial. Ambos são dos EUA.
Coincidência? Com certeza não.
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