A Justiça determinou nesta quarta-feira a interdição do estádio de São Januário por, pelo menos, 180 dias.
A decisão é de caráter liminar – pode ser revertida – e foi motivada pela ação civil pública movida pelo Ministério Público do Rio contra o Vasco em razão dos incidentes verificados após o jogo contra o Flamengo em 8 de julho, em jogo válido pela 12ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
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No despacho, o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, o mesmo que determinou no começo do ano a realização dos clássicos cariocas com torcida única, ressaltou que a interdição pode ser prorrogável.
De acordo com o magistrado, o estádio pode ser reaberto se for comprovado pelo Vasco "o preenchimento dos requisitos mínimos para o restabelecimento de partidas no local, com observância do regramento estabelecido pelo Estatuto do Torcedor e até a elaboração efetiva dos planos geral e específico de ação discriminados" pelo Ministério Público.
"No último episódio disputado no estádio de São Januário verificou-se a ocorrência de cenas de verdadeira barbárie denotando que, ao menos por ora, a arena desportiva não dispõe de condições mínimas para a realização de partidas de futebol", escreveu o juiz.
A decisão ainda descreveu com mais detalhes o cenário visto no estádio vascaíno na noite do sábado, após vitória do Flamengo por 1 a 0:
"Houve invasão de áreas restritas, tentativa de escape por locais inadequados, correria, pânico e situação de completo caos. A intervenção policial se deu com o emprego de contenção da massa, com a utilização inclusive de bombas de gás lacrimogênio. Seguiu-se uma 'quebra-quebra' por todo o estádio, levado a cabo em sua grande maioria pelos torcedores do próprio Vasco da Gama, sendo o time do Flamengo obrigado a se dirigir ao vestiário sob correria e escolta, ante a tentativa de agressão".
Segundo o relato, sobrou até para a estrutura dos órgãos públicos:
"A sede do Juizado neste estádio ficou completamente ilhada, bem como a Delegacia de Polícia não sendo por pouco invadida pela massa de torcedores revoltados. Houve severa destruição de bens, sendo certo que parte dos vidros instalados no Juizado foram quebrados por arremesso de objetos, por muito pouco não atingindo a Dra. Karla Merter, defensora pública em exercício".
Antes da decisão da Justiça comum, o Vasco já tinha sido punido pela Justiça Desportiva, que determinou a perda de seis mandos de campo, além de multa de R$ 75 mil. Cabe recurso.
*LANCEPRESS