Por força de minha profissão, costumo analisar moda, tendências, cores, tecidos, arte de rua, dos museus, e, ultimamente, tatuagens de jogadores. Sério! Como sou amante dos esportes, principalmente do futebol, fico analisando e cheguei a uma conclusão: não tenho conclusão.
Tatuagem: vem de Tattaw (polinésio), que significa marcar, decorar. Fico pensando se David Beckham, a princípio o primeiro jogador de futebol a ostentar tatuagens pelo corpo, resolveu inovar e tornar-se um jogador/modelo/tatuado, teria a real noção de que seu ato serviria de referência para as gerações seguintes destes profissionais.
Ser belo, jogador, ídolo, craque e, ainda por cima,
tatuado? Mas o que significa tatuar-se? Para mim, que tenho duas, significa enfeitar, deixar marcada para análise diária, momentos importantes de minha vida que traduzi em flores e em borboleta. Mas para cada um destes atletas, acredito que a análise deva ser feita de outra forma.
Ernest Becker já dizia: "Somos únicos entre os animais, porque somos sobrecarregados com a consciência do futuro, da futilidade, da morte e assim por diante". A cultura é uma defesa contra a opressão e a futilidade. Tatuagens são expressões culturais de heroísmo e de individualidade. Ser especial, único, importante, mais forte e heroico dentro desta cultura que celebra estes valores talvez forneça combustível suficiente para dar este significado mágico a cada jogador, tornando-os mais fortes, mais capazes.
Tribos indígenas tatuavam-se para guerras de diferentes formas, mas isto não vem ao caso, e acho que os jogadores também deixam marcas em suas peles pelos mais variados motivos. Guerreiros da bola? Virilidade? Vaidade excessiva? Noto que raramente eles possuem somente uma para chamar de sua. Não! São várias, alguns com dezenas delas, homenageando famílias, namoradas, religiões, amigos, isso inclui também cachorros ou felinos, carros. Enfim, motivos não faltam para estampar arte na pele.
Virou moda, virou tendência. O futebol hoje em dia não orbita somente no craque e o que ele faz com a bola. Não. O jogador enfeita a bola, o cabelo, usa o corpo como acessório para os uniformes lançados por seu time, vende tudo: alegria, tristeza, beleza, exagero e as tatuagens que as futuras gerações irão se referir quando falarem do grande craque que tinha Jesus Cristo tatuado no braço.
Estamos vivendo um momento em que as pessoas estão tão famintas por autoestima, aprovação, confiança, que elas tornam-se dispostas a fazer coisas para se sentirem diferentes. Assim, se sentem únicas, significativas e vivas.
Acho que cheguei a uma conclusão.