O paulista Miguel Cagnoni, de 72 anos, venceu nesta sexta-feira a eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), com 64 votos. O dirigente, da Chapa "Inovação de Transparência", que presidiu a Federação Aquática Paulista (FAP) por 22 anos, derrotou Cyro Delgado, da Chapa "Cara Nova" (26 votos), e Jefferson Borges, da Chapa "Novos Rumos" (três votos), no Rio de Janeiro, e irá comandar a entidade no período 2017-2021.
A Federação Internacional de Natação (Fina), no entanto, não vai reconhecer o resultado, devido à intervenção da Justiça Comum do país no pleito. O Brasil pode até mesmo ser suspenso ou expulso do quadro de membros, e os atletas correm o risco de não poderem defender a bandeira brasileira em competições.
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– É algo que envolve todas as autoridades esportivas do país. Vamos apresentar uma justificativa e acredito que se trata de um mal-entendido, que será explicado com toda a calma e segurança para a Fina – afirmou o eleito, que descartou mudar a sede da CBDA do Rio para São Paulo.
A Confederação está sob intervenção da Justiça brasileira desde março deste ano, quando a juíza Titular da 25ª Vara Cível do Rio de Janeiro, Simone Gastesi Chevrand, afastou a diretoria. O ex-presidente Coaracy Nunes e três ex-diretores estão presos no Rio de Janeiro em meio a uma investigação de desvio de recursos em contratos com o governo federal. Em seguida, nomeou o advogado Gustavo Licks como interventor.
Licks foi notificado na última quinta-feira pela Fina de que a entidade internacional não reconheceria o resultado do pleito. Mesmo assim, manteve a eleição. O evento foi marcado pela desorganização. Antes do início dos votos, ficou decidido que haveria duas urnas para os clubes, uma dos adimplentes e outra dos inadimplentes com a CBDA.
Ao todo, foram 96 votos: 69 clubes, 26 federações estaduais e o representante da comissão de atletas, o nadador Leonardo de Deus. Houve dez ausências, incluindo da Federação do Piauí. Mas 23 agremiações foram consideradas inadimplentes. Considerando ou não os votos inadimplentes, Cagnoni levou a melhor. A eleição teve dois votos brancos e um anulado.
– É um enorme prazer fazer parte da história. É a primeira vez que um atleta está aqui fazendo isso. Estou honrado por representar atletas do esportes aquáticos, vejo um futuro melhor. Buscamos legalidade, transparência e nossa participação com o presidente que for assumir. Estamos fazendo um ato de união por um futuro melhor. Independentemente de quem for eleito, que seja para o bem, e que não nos prejudique – disse Leonardo, antes da contagem.
Miguel é empresário formado em direito e foi atleta de polo aquático. Ele se consolidou como principal voz da oposição e era o favorito no pleito, pois detinha maior número de apoio de federações (nove) e de nadadores como Cesar Cielo e Poliana Okimoto. Seu vice é Luiz Fernando Coelho.
Ele afirmou que já teve contato prévio com os Correios, principal patrocinador da entidade, em Brasília, e acredita na retomada do diálogo com a estatal.
* Lancepress