A partir desta sexta-feira Argentina tenta ser o Brasil. O rival sul-americano é o modelo a ser seguido pelos hermanos na tentativa de retomar o caminho das vitórias e dar um título pela seleção nacional a uma das gerações mais brilhantes dos últimos tempos. A partida começa às 7h (no horário brasileiro) em Melbourne, na Austrália.
A ideia é repetir o processo do Brasil. O histórico 7 a 1 que derrubou Felipão e Parreira não ajudou Dunga. Pressionado e sem resultados, ele deu lugar a Tite, uma espécie de unanimidade nacional. Campeão de todos os campeonatos possíveis em clubes, passagem por torcidas numerosas, de perfil teórico e mais atualizado, o gaúcho Adenor Bacchi conquistou a seleção e acumula um soberano 100% de aproveitamento após nove jogos.
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Jorge Sampaoli, de resultados brilhantes em clubes, na seleção chilena (ganhou a Copa América) e de um trabalho festejado no Sevilla, é o novo maquinista da locomotiva argentina, que andou fora dos trilhos com seus últimos comandantes Tata Martino e Edgardo Bauza. Da final da Copa do Mundo de 2014, ainda sob as ordens de Alejandro Sabella, a equipe despencou, perdeu duas Copas Américas e agora estaria na repescagem para o Mundial da Rússia com seu atual quinto lugar nas Eliminatórias.
– Realizei um sonho. Chegar até aqui é o reconhecimento a como jogam minhas equipes e não só a mim, como pessoa. Hoje, o que espero é cumprir a expectativa das pessoas, para que possam voltar a se reconhecer na seleção – disse o treinador.
O primeiro time de Sampaoli tem tudo o que o povo pediu: acumulou seus craques, prometeu uma postura ofensiva e intensidade de proposição de jogo e de marcação. A equipe que treinou ontem teve as principais estrelas – Messi, Dybala, Di María e Higuaín – escudadas por um grupo de carregadores de piano de alta qualidade – Romero, Gómez, Maidana, Otamendi, Mercado, Biglia e Banega. Hoje, o trabalho deve definir os titulares e também o esquema, já que os primeiros indícios eram de um sistema com três zagueiros.
– É uma renovação absoluta, um futebol muito mais ofensivo. Ele trocou nomes e até o desenho tático, porque conta com alto conceito e respaldo da parte de Messi e das outras estrelas – explica o jornalista Alejandro Calumiti, da rede de TV TyC Sports.
Entre os novos nomes chamados por Sampaoli, o mais destacado é o centroavante Mauro Icardi. O jogador da Inter de Milão era costumeiramente "esquecido" pelos antecessores Bauza e Martino muito mais em função de seu comportamento extracampo do que por suas atuações.
– Sampaoli não teve esse constrangimento em chamá-lo. E também apostou em nomes de destaque local, como o lateral Gómez – reforça o jornalista Lucho Silvera, analista de futebol sul-americano da Rádio Gaúcha.
Com pouco tempo para trabalhar, o técnico aposta na potencialidade de seus comandados:
– A ideia futebolística tem a ver com gerar estrategicamente potencialidades que criem união entre os jogadores. O mais importante é escolher os atletas que tenham chance de crescer juntos. Às vezes, há bons valores, mas que, juntos, se neutralizam.
Pensando em repetir o processo de Tite com Marcelo, Casemiro, Renato Augusto, Paulinho, Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus, Sampaoli quer resultados imediatos e desempenho de suas estrelas.
Um duro teste para os 100% de Tite em um Brasil desfalcado.