Pouco mais de cinco meses do trágico acidente que tirou a vida de 71 pessoas na madrugada de 29 de novembro, quando o avião da LaMia não completou seu destino final, a Chapecoense retornou à Medellín, na Colômbia. Na bagagem, alegria, esperança e muita gratidão Os membros dessa delegação não são os mesmos, são caras novas, recém campeãs do Campeonato Catarinense, que agora querem dar um título a mais para os seus anjos de chuteiras, como os jogadores chamam os companheiros que se foram. Amanhã, a partir das 21h45min (Brasília), a Chape entrará em campo no Estádio Athanasio Girardot para brigar pelo título da Recopa Sul-Americana.
O avião trazendo jogadores, dirigentes e comissão técnica da Chapecoense pousou na tarde desta segunda-feira no aeroporto José María Córdova. Após o desembarque feito ainda na pista, foram levados para a Base Aérea German Olano, de Medellín, onde receberam diversas homenagens. Muito parecidas com as que a Chape fez aos irmãos do Atlético Nacional no início de abril, na partida de ida da Recopa em Chapecó.
Na pista da Base Aérea, que estava abarrotada de jornalistas de todas as partes do país, um a um os membros da delegação foram descendo dos ônibus, caminhando pela chamada Calle de Honor, ou em português "Rua de Honra", um corredor formado por membros do exército, polícia, bombeiros e da própria força aérea colombiana para no final da caminhada receberem um broche, ao som da banda militar. Ao redor, bandeiras com o verde e branco da Chapecoense.
De lá, um longo trajeto em carreata até o hotel, onde mais homenagens estavam previstas. A gerente do estabelecimento teve a ideia de distribuir aos funcionários rosas brancas para que eles presenteassem a delegação brasileira. E assim eles ficaram: posicionados em semi-círculo esperando todos descerem do ônibus.
Ainda no saguão do hotel, uma enorme caixa de som entoava o agora mundialmente conhecido "Vamo, Vamo, Chape", intercalado com o hino do Verdão do Oeste. Além de uma enorme bandeira do Brasil erguida com muito carinho por outros colaboradores.
– Pensamos nas rosas para poder comemorar a paz e a união entre nós brasileiros e colombianos, disse Elizabeth Jaramillo, gerente do hotel.
Após receberem a sua rosa e serem saudados com palmas, os jogadores e comissão deixaram a recepção com um sorriso no rosto, enquanto o presidente Plinio David De Nes Filho tinha os olhos marejados e vermelhos depois de um longo dia de fortes emoções.
– É uma situação que a gente não tem palavras para expressar a tamanha gratidão que esse povo nos dá. Isso representa algo que nunca encontramos em nossas vidas. Esse carinho igual ao de Medellín nós nunca vimos – contou o dirigente.
Maninho, como é chamado, também fez menção aos que se foram e que jamais serão esquecidos:
– Nossos corações transbordaram de tristeza, afinal, aqui deixamos tantos companheiros. Mas por outro lado, todo esse carinho nos dá força e nos enche de alegria – completou o presidente.