Há muitos anos, a cultura imediatista no meio do futebol interfere no planejamento e arromba os caixas das entidades futebolísticas pelo Brasil. Uma cultura que foi criada por quem assina o cheque com a caneta da paixão e que não recebe o freio de conselhos deliberativos formados por integrantes mais apaixonados ainda.
O resultado dessa cegueira é conhecido de todos, já que o coração não é o melhor guia quando se fala em excelência de gestão e na organização do trabalho. Derrotas em sequência quase sempre significam o fim do trabalho de um técnico.
Leia mais:
Real Madrid recebe o Bayern de Munique pelo jogo de volta das semifinais da Liga dos Campeões
Jamie Vardy tem nova chance de brilhar no cenário europeu
Villarreal perde para Alavés e vê classificação à Liga dos Campeões ficar mais difícil
Por incrível que pareça, o efeito Tite na Seleção – com seu irrepreensível aproveitamento de 100% quando tudo parecia perdido e com a Copa da Rússia garantida com antecedência apesar do trauma de jogadores e de torcedores com o fracasso do 7 a 1 – terá um efeito devastador na mente de muitos dirigentes. Justamente eles, que acreditam no pensamento mágico de que a mudança de uma peça pode salvar o rumo de todo um processo.
Não foi a simples troca de treinador que resultou no sucesso. É preciso deixar claro que o acerto de Tite se deve à sua forma de trabalhar, que mistura o jeito de paizão com uma estrutura multidisciplinar do mais alto padrão. O conhecimento da equipe vai desde a parte técnica até a análise de desempenho, passando pelas questões físicas, médicas, de fisiologia e nutrição. São fatores científicos que contradizem à ideia de que a virada veio a partir da simples troca de treinador.
Esse imediatismo tem sido um grande adversário para a evolução do novo futebol e de estruturas em geral. Mas não é só em relação à comissão técnica que a razão supera a emoção. A emoção, na maioria das vezes, está por trás de algumas opiniões e decisões (imprensa, torcedores, diretores), que são tomadas sem qualquer perspectiva futura.
Por exemplo: alguns jogadores que se destacam em uma temporada já são super valorizados, embora tenham feito apenas um bom ano. O contrário também ocorre muito. O jogador não vai bem em uma temporada, e a opinião sobre ele é de que não serve, não está preparado etc.
Enfim, a bola vai girando, e o imediatismo segue destruindo conceitos.