Certos episódios na carreira de Walter passam a sensação de que o atacante revelado pelo Inter poderia ser um atleta maior do que é. Isso que o jogador tem apenas 27 anos.
Mas a briga com a balança parece uma constante na vida do pernambucano. Ele próprio admite que a comida o seduz, e isso o atrapalha.
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Recentemente, porém, não foi o organismo de Walter o problema. Uma cotovelada no goleiro Matheus, durante treino do Goiás, pôs fim a sua trajetória justamente no clube em que se acertou e virou ídolo.
Walter se arrepende do que aconteceu. Mas não enxerga maldade no que fez. Chama de acidente. O certo é que seu futuro agora está em outro clube. Segundo ele, de Série A.
ENTREVISTA
WALTER, ATACANTE
Você classificou a cotovelada no seu companheiro como um acidente. Foi isso, mesmo?
Foi um acidente. Em um lance que fui proteger a bola, o goleiro veio na minha frente e eu rodei o braço e sem querer bateu no rosto dele. Foi falado que dei por querer, que não me arrependi e faria de novo. Jamais dei por querer. Sobre tudo que aconteceu, estou bem arrependido, aprendi com meu erro, pedi desculpa e já está resolvido. Estou com a consciência boa. Sei do meu caráter, quem me conhece sabe, e sobre isso eu estou bem de boa.
O presidente do Conselho Deliberativo do Goiás disse que você é débil mental.
Isso foi o seu Hailé (Pinheiro). Ele tem um controle maior do Goiás, é tipo um dono do Goiás. Esse cara me ajudou e muito. É uma pessoa muito boa. É que falei com ele numa quinta e conversamos, e a entrevista saiu numa sexta, 24. Falamos coisa boa. Ele falou que trazia minha ex-esposa, a Vanessa, que é de Porto Alegre, para morar aqui, mas falei que "não, nós nos damos muito bem, mas somos amigos, temos uma filha juntos. Graças a Deus, minha ex-esposa é uma pessoa muito boa, tenho um carinho muito grande por ela e ela por mim. Mas dar certo, não vai dar certo mais. Umas coisas aconteceram". E ele falou "tudo bem, mas como podemos ajudar?" Falei com ele e, no outro dia, houve o acidente. Mas tenho um carinho muito grande por ele e só tenho que pedir desculpa para ele.
Algo relacionado a tua vida pessoal pode ter influenciado nesse acontecimento no Goiás?
Não. Não tem nada a ver porque estou separado há um tempão. Aconteceu. Teve uma briga no Beira-Rio, vocês gravaram, viram, o Anderson brigou e saiu de soco com o William. Acontece no futebol. Não tem como... No futebol do nada você fica nervoso, perde a cabeça. Não tem nada a ver com a família, não. Graças a Deus estou muito bem com minha família. Aconteceu um acidente, me arrependo muito e agora é seguir meu caminho.
E qual caminho é este?
Não sei, ainda, para onde vou ir. Até segunda, terça-feira, meu empresário deve resolver, para eu voltar a treinar rápido.
Já teve contatos?
Já. Deus é tão bom que já têm interessados. O mais importante é que sabem do meu caráter, sabem da minha qualidade. Minha pessoa jamais iria fazer isso na maldade. Já apareceu time e estão bem encaminhadas as coisas.
A tendência é jogar no Brasil? Série A? Como estão as negociações?
É no Brasil, Série A. No contrato, pouca gente sabe, meu passe ainda é do Porto, não posso sair daqui ainda porque a janela está fechada e só posso ir para time do Brasil.
Você é muito talentoso. Mas não teme que esses acidentes, como você comentou, e problemas, como o de peso, possam afetar a sua carreira?
Se fosse peso, não estava aqui hoje do jeito que estou. Tenho uma história bonita no futebol. Lógico, tenho que emagrecer um pouco. Tive muito bem no Atlético Paranaense, no Fluminense, engordei mais um pouco aqui no Goiás, mas quem sofre de peso sabe que não é fácil. Muita gente gosta de julgar a mim, falam muita coisa. Isso começou com 15, 16 anos. Cheguei no Inter com 15 anos, e se você pegar o presidente Vitorio Piffero, ele vai te falar... Eu estava com 96 kg, ele falou assim "eu contratei um atacante ou um lutador de sumô?" E todo mundo acreditou em mim e, querendo ou não, dei um dinheiro para o Inter, fui vendido para o Porto em 2010. Até hoje o povo fala do meu peso e estou aí. Lógico que tenho que me cuidar, mas muita gente julga e não sabe o que está por trás, entendeu? Quem sofre de peso sabe que é complicado. E sobre isso aí (outros problemas na carreira), se você pegar minha história, não tem quase nada. Teve uma história no Fluminense e uma história no Goiás. Tem tanta gente pior, que faz coisas piores e não acontece nada. Acho que isso não me preocupa, não. Porque graças a Deus apareceram três, quatro times para mim.
Você já afirmou, certa vez, que prefere alguns lugares em comparação a outros. Gostaria, por exemplo, de voltar a Porto Alegre?
Porto Alegre, nunca neguei que é um sonho, uma vontade muito grande de voltar. Porque é um lugar que me sinto muito bem, onde minha filha mora, um lugar onde me sentiria perto da filha. Tenho apartamento, moro em Porto Alegre... Ia ser muito bom, bom demais. Mas ainda não sei para onde vou. Têm coisas, sim, mas não vou falar porque ainda sou jogador do Goiás, a princípio a rescisão não está 100% pronta, falta o Porto liberar. Mas está quase encaminhada e segunda, terça-feira, me apresento no time.
Sua rescisão com o Goiás é amigável, certo?
Isso! Muita gente falou que seria mandado embora. Não. Chamei o presidente, tive uma conversa, falei "presidente, tenho uma história muito bonita no Goiás, não gostei do modo que o diretor Harlei (que se afastou do clube após o episódio) falou, aquilo nenhum diretor de futebol pode falar. Não gostei, estou chateado, mas o senhor, o Goiás, a torcida, não têm culpa. Eu sou ídolo da torcida, vamos sair de boa. Eu rescindo, sigo meu caminho. O Goiás é muito grande, maior que nós dois, e cada um segue seu caminho". E ele falou "Walter, temos um carinho muito grande, mas você está chateado demais e eu estou chateado porque te busquei em Curitiba". E eu falei "acontece, presidente". Tenho um carinho muito grande pelo presidente e torço muito pelo Goiás por causa dele. Porque a pessoa que ele é merece coisa boa.
Deixa o Goiás com as portas abertas? Cogita voltar para lá no futuro?
No futebol tudo pode acontecer. Você nunca pode falar que não. Mas, quem sabe um dia? Estou com 27 anos e futebol muda muito rápido. Lógico que as portas vão estar abertas, porque sou ídolo da torcida, tenho carinho da torcida e de todos que trabalham no Goiás. E mais importante é chegar em Goiânia, visitar o Goiás, ver jogos do Goiás. Isso é o mais importante. Tenho um carinho muito grande e tudo que tenho preciso agradecer ao Goiás.
*ZHESPORTES