A 450 dias da abertura da Copa da Rússia, o camisa 1 do Brasil é reserva de luxo em seu clube. O goleiro Alisson disputou apenas 14 partidas na temporada 2016/2017 pela Roma, precisa jogar mais e não será surpresa caso ele troque de clube na Itália a partir de agosto. Por outro lado, o goleiro titular, o polonês Wojciech Szczesny, pertence ao Arsenal, custa 14 milhões de euros para a compra e o seu empréstimo se encerra ao final do Campeonato Italiano. Dificilmente permanecerá. Por isso, é fundamental para Alisson manter a confiança do técnico Tite e do preparador de goleiros Cláudio Taffarel e fechar o gol da Seleção Brasileira, na noite desta quinta-feira, às 20h, contra o Uruguai, no Estádio Centenário, em jogo de líderes, válido pela 13ª rodada das Eliminatórias à Copa da Rússia.
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Comprado pela Roma ao Inter por cerca de 5 milhões de euros, Alisson é um investimento considerado caro para ficar no banco. Porém, desde que o gaúcho de Novo Hamburgo desembarcou na capital italiana, essa foi a sua realidade. Como o técnico Luciano Spalletti sempre optou por Szczesny como titular, Alisson estava sendo titular em algumas partidas nas copas (Copa da Itália, Liga dos Campeões e Liga Europa). Mas, como a Roma prioriza o Campeonato Italiano – onde ocupa a vice-liderança, oito pontos atrás da Juventus, a nove rodadas do final –, e já foi eliminada de todos os demais torneios, restam poucas esperanças para que o ex-Inter possa atuar até agosto, quando terá início a temporada 2017/2018.
– Alisson chegou muito bem à Seleção. Estive em Roma assistindo ao jogo deles contra o Lyon (vitória da Roma por 2 a 1, mas com eliminação, no placar agregado) e teve uma ótima atuação – disse Taffarel, em contato com ZH.
A situação de Alisson é monitorada de perto pelo preparador da Seleção Brasileira e, como ele, goleiro formador pelo Inter. Taffarel tem viajado a cada 45 dias para acompanhar os goleiros "selecionáveis". A cada viagem, passa pelo menos uma semana acompanhando os treinos dos jogadores em seus clubes. Segue confiando em Alisson para ser o titular do Brasil, apesar da pouca rodagem do camisa 1 na temporada. Em 1993, Taffarel perdeu espaço no Parma. De titular, se transformou em quatro goleiro. A Copa dos Estados Unidos se avizinhava e o gaúcho de Santa Rosa, havia perdido a vez na Seleção para Zetti. Precisava recuperar a vaga e, para isso, pediu para ser emprestado ao pequeno Reggiana. Jogou a temporada toda e, em 1994, se tornou um dos heróis do Tetra. Alisson poderá seguir o mesmo caminho, a fim de ganhar ritmo meses antes da Rússia.
– Passei por algo parecido em 1993. Como haviam quatro estrangeiros, só três iriam para o jogo no Parma e, eu, ia para a arquibancada. Perdi muito ritmo de jogo. Me apresentei à Seleção para a Copa América daquele ano e perdi a posição para o Zetti, que estava muito bem. Fui para um clube de menor expressão e jogava todo o final de semana. Aquilo me preparou muito bem – recorda Taffarel.
No horizonte de Alisson, além da chance de virar titular da Roma, caso o polonês Wojciech Szczesny volte para o Arsenal, há a possibilidade de ser cedido por um ano a outro clube da Itália. A Fiorentina surge como uma boa possibilidade. O clube de Florença chegou a demonstrar interesse no ex-colorado, mas perdeu a disputa no segundo semestre de 2015 para o maior poderio financeiro da Roma. Outra porta que se abre, essa bem menos glamorosa, é jogar pelo pequeno Crotone até 2018. O problema é que a equipe da Calábria está por ser rebaixada. E Alisson teria de encarar a Série B para pegar ritmo de jogo.
– Tive uma sequência boa de jogos na Roma. Não é o que eu quero, quero jogar sempre, seja na Roma ou na Seleção, mas tive uma partida por semana nas últimas três semanas, então chego com ritmo de jogo. Estou com a minha cabeça voltada para a Seleção, mas, ao final da temporada, vamos definir o que for melhor para mim, para a Roma e para a Seleção Brasileira – afirmou Alisson, questionado sobre o seu futuro. – Estou 100%, treinando muito forte na Itália para estar sempre voando na Seleção – emendou o goleiro.
Um retorno ao Brasil parece descartado no momento. Alisson e a mulher, Natália, serão pais breve. Helena, a primeira filha do casal, nascerá nas próximas semanas. Além disso, cumprindo dois anos na Itália (o que ocorrerá em junho de 2018), Alisson terá direito ao passaporte comunitário. Mas, caso retorne agora ao Brasil (o São Paulo, em crise de goleiros, seria o destino), terá de recomeçar a contagem do zero, quando retornar ao país.
– Apesar de não ser titular, Alisson está tendo uma ótima temporada na Roma. A comissão técnica e a torcida têm grande estima por ele – atesta Alfredo Spalla, repórter romano da Gazzetta dello Sport. – Mesmo em jogos nos quais a Roma foi mal, Alisson saiu de campo sob aplausos. O ambiente na Roma é esquizofrênico, difícil, pois a torcida está cansada de ficar em segundo, terceiro, exige um título, e a montagem de um grande time. Nessa incerteza toda da equipe, Alisson está inserido. Ninguém sabe se ele está insatisfeito ou não e qual será o seu futuro no clube – comenta Spalla.
– Alisson se mostrou um goleiro de muito reflexo e deixou claro, na Liga Europa, que pode ser confiável para ser o titular da próxima temporada. O provável retorno de Szczesny ao Arsenal e a saída do técnico Luciano Spalletti ajudarão a ele nesse processo – assevera Alessandro Paoli, diretor do site Tutto Nazionali e redator do Voce GialloRosse, site especialista em Roma.
A ponte para o futuro de Alisson pode começar a ser erguida em Montevidéu, quando o goleiro terá a chance de mostrar uma vez mais que está com ritmo de jogo e que tem condições de ser titular. No Brasil, no Uruguai ou em Roma.
Alisson
Temporada 2016/2017
Roma – 14 jogos (10 pela Liga Europa, 1 pela Liga dos Campeões e 3 pela Copa da Itália)
Seleção Brasileira – 6 jogos (todos pelas Eliminatórias)