Sabe aquela impressão de que o Uruguai é o mesmo das últimas duas Copas? É só impressão. Com a discrição e a tranquilidade típica dos vizinhos do lado de lá da fronteira, o técnico Óscar Tabárez implementa renovação profunda na seleção. Não é de duvidar que execute seu projeto cevando um mate ou assando nacos de entrecot.
O fato é que Tabárez, não à toa chamado de Maestro, consegue manter no topo a seleção de um país com 3,4 milhões de habitantes – para comparar, a região metropolitana de Porto Alegre tem 4,2 milhões. Seu projeto colocado em prática em março de 2006 é simples: formar, a partir da base, a seleção principal.
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Entre os 26 convocados para os jogos contra o Brasil e o Peru, só cinco não passaram pelas seleções sub-17 ou sub-20: o lateral-direito Fucile, o volante Arévalo Ríos e os meias Sánchez e Corujo e o goleiro Conde, do Nacional, chamado devido à suspensão de Muslera. A lista também pouco muda a cada convocação. Nesta, a cara nova é o meia-atacante Urretaviscaya, do Pachuca. Nem tão nova. Ele esteve no Mundial Sub-20 de 2009, no Egito.
A fraca campanha na Copa de 2014, quando o Uruguai caiu nas oitavas, decretou o fim de ciclo de alguns notáveis, como Lugano e Forlán. Eles estavam no auge no quarto lugar da Copa de 2010, mas emitiram sinais claros de fadiga em 2014. A sucessão foi natural. Giménez entrou já durante a Copa ao lado de Godín, alçado a grande líder do grupo. Tabárez conta ainda com Coates, que livre das lesões, parece se consolidar aos 26 anos.
Com Cavani e Suárez afiados, Forlán pôde curtir sossegado seu final de carreira. Sua sucessão foi preparada com planejamento. Em 2007, um ano depois de o técnico assumir, os uruguaios reivindicavam os dois guris na seleção principal. Tabárez manteve-se firme: só os chamaria depois de batizados no Mundial Sub-20 daquele ano, no Canadá. Assim foi, e a dupla brilhou três anos depois na Copa de 2010.
Um processo semelhante aconteceu com destaques da seleção atual. O lateral-esquedo Gastón Silva, do Granada-ESP, foi titular do Uruguai no Mundial Sub-17 no México,, em 2011, e capitão no Mundial Sub-20 da Turquia, em 2013, quando perdeu a final para a França, de Pogba e dos zagueiros Zouma, do Chelsea, e Umtiti, do Barcelona.
Aliás, essa geração foi uma das mais férteis para Tabárez. Faziam parte do grupo também o zagueiro Giménez, o volante Laxalt, o atacante Rolán e o meia Arrascaeta.
Rolán completará 24 anos na sexta-feira. É o candidato a ocupar o lugar do suspenso Suárez contra o Brasil. Atacante do Bordeaux-FRA, havia disputado o Mundial Sub-20 de 2011, na Colômbia e fez parte do grupo de 2013. Mas era reserva de Nico López.
Outro bom nome dessa geração é Laxalt, 24 anos. Joga como volante, meia e lateral no Genoa-ITA e é o coringa de Tabárez. O titular da posição é Cebolla Rodríguez, 31 anos e dúvida por causa de lesão muscular. Ver Cebolla no time passa a impressão de que se trata de um time envelhecido, Mas não se engane. É só impressão.
*ZHESPORTES