Depois uma semana com tantas confusões fora do campo, a tradição que começou "40 minutos antes do nada", como escreveu Nelson Rodrigues, foi honrada no clássico entre Fluminense e Flamengo, na final da Taça Guanabara. Um jogo como há muito não se via nos gramados do Rio e que, após disputa de pênaltis, serviu para coroar o Tricolor como campeão do primeiro turno do Estadual. Após o 3 a 3 nos 90 minutos, a vitória nas penalidades foi por 4 a 2.
Seria uma pena se os portões estivessem fechados para o espetáculo que aconteceu no Nilton Santos. Acompanhar a decisão foi um privilégio para os torcedores de Flamengo e Fluminense que estiveram na arquibancada, em paz, e para outros milhões de apaixonados que ficaram vidrados, com o coração na boca ou apenas se deliciando com o clássico que acabou com a vitória do Flu.
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Com a décima conquista da Taça Guanabara, o Fluminense já garantiu lugar nas semifinais do Estadual. O Tricolor ainda não está na decisão porque o regulamento mudou para a atual temporada.
Viradas, reviradas, gol cedo, gol seguido... Futebol. Jogo franco, em ritmo intenso. Quase não deu para respirar no primeiro tempo. Foi com a velocidade de Wellington que o Tricolor abriu os trabalhos. Um contra-ataque fulminante, no qual o meia-atacante tricolor foi como uma flecha desde o campo de defesa até comemorar a abertura do placar. Foi a primeira das falhas defensivas cometidas pelo Flamengo, que tinha a posse de bola em uma cobrança de falta, mas, tendo o escorregão de Pará como síntese, desmoronou na recomposição.
A vantagem tricolor só durou três minutos. Foi o tempo de uma bola alçada por Mancuello deixar a defesa desbaratada. O desfecho foi Willian Arão empurrando para o fundo das redes, livre, sem ter o goleiro Júlio César pela frente. Jogada toda legal, acerto importante da arbitragem.
A intensidade do clássico continuou subindo. Uma "soneca" de Muralha, pegando com as mãos o recuo de Trauco, quase se transformou em gol tricolor, após cobrança de tiro livre indireto dentro da área. Desta vez, Pará não caiu e tomou uma bolada no peito, salvando o Fla.
Depois de pegar fôlego na parada técnica, o Rubro-Negro conseguiu a primeira virada da tarde. Novamente depois de uma bola lançada na área tricolor. A zaga deixou Guerrero livre, o milagre do goleiro não foi suficiente, e Everton colocou o Fla na frente. Mas o mesmo Guerrero , tão importante na virada, atrapalhou ao tocar a bola com a mão dentro da área. Henrique Dourado converteu o pênalti e empatou: 2 a 2.
O ápice da desorganização defensiva do Flamengo ficou escancarada na jogada da virada do Fluminense. Tudo bem que o passe de Wellington para Lucas foi primoroso. Mas onde estavam Réver e Rafael Vaz? O lateral tricolor, perseguido por Willian Arão, não tinha nada com isso e fez o 3 a 2.
O segundo tempo, como um todo, foi menos emocionante. Também pudera, já que o nível da etapa inicial foi altíssimo. Mas a tensão passou a crescer à medida em que o relógio avançava. O Fluminense, que durante a semana viveu uma saga na viagem de volta do Mato Grosso ao Rio, segurou o ritmo. Por outro lado, Zé Ricardo, beirando o desespero, passou a mexer nas peças do lado rubro-negro do xadrez.
Não foi na força, nem com organização. Foi na bola parada que o empate do Flamengo veio: Guerrero, redimindo-se do pênalti cometido, com uma classe, um talento, uma precisão de tirar o chapéu. A cobrança de falta aos 39 minutos deixou inerte o goleiro Júlio César e fez explodir o lado rubro-negro no Engenhão. Coisas de Fla-Flu.
Com o empate nos 90 minutos, a decisão foi para os pênaltis. E deu Fluminense, porque os zagueiro Rever e Rafael Vaz desperdiçaram as cobranças. Coube a Marcos Júnior converter a penalidade que confirmou a conquista tricolor.
*LANCEPRESS