Nem se ele fosse capaz de escrever um destino para o filho, sairia tão perfeito como na realidade. Aos 19 anos, o centroavante Claudinho estreou no Ca-Ju 213, em 1987, marcando o gol de empate no Estádio Centenário. Trinta anos depois e com a mesma idade do pai na época, o atacante Caprini terá no sábado a primeira chance de sua carreira para repetir o feito, desta vez no Alfredo Jaconi, no clássico 281.
– Espero que ele tenha essa mesma felicidade que eu tive e que saia vitorioso. Em 1987, fiz minha estreia no time profissional no clássico, em um jogo que a gente estava perdendo por 1 a 0. Entrei e logo fiz o gol de empate aos 40 e poucos minutos do segundo tempo. Foi um momento maravilhoso, estava com 19 anos – relembra Cláudio Pinto, o Claudinho, hoje com 49 anos e dono de uma confeitaria.
E ali foi apenas o começo. Em 1991, o centroavante decidiu dois clássicos consecutivos: 2 a 1 para o Ju no Centenário, com dois gols, e 1 a 0 no Jaconi. Fazia de cabeça, com o pé direito, dentro da área. Em novembro de 1997, outro golaço: o nascimento de Maurício Caprini Pinto. Mesmo que o garoto mostrasse habilidade com a bola desde pequeno, era difícil imaginar que imitaria o pai.
– O pai sempre quer que o filho seja jogador. Agora, se vai chegar onde o pai chegou, a gente não sabe. Ele está no caminho certo. É um garoto bom, humilde, se dedica nos treinos, vem jogando bem. Ele é a evolução do Claudinho. Eu era rápido, trombava bastante. Ele é mais técnico, tem habilidade, joga mais com a perna esquerda. Eu, só com a direita. Além disso, tem mais chegada, é mais marcador, chega na frente, e eu era centroavante de área – compara.
– Tinha o faro de gol, né? Nas peladas, ele é brincadeira. Já ouvi ele falar muito dos gols que fez em Ca-Ju. Se eu puder fazer um, tá bom. Melhor que isso, só se eu fizer logo dois como ele já fez – fala Caprini.
O passo seguinte seria se manter focado na carreira e jogar fora do país.
– Procuro orientá-lo para não deixar ele sair do caminho, porque a gente sabe que às vezes tem companhias ruins, caminhos errados. Eu venho aos jogos, vejo os treinos, passo orientações de como se comportar no campo e fora dele. Como já estive ali dentro, fica mais fácil, né? Sou amigo, pai, ex-jogador. Espero que um dia ele possa ser vendido para a Europa, mas tem que ser uma coisa boa para ele e para o clube – projeta o pai, que depois do Juventude atuou em clubes como Vitória, Bahia e Santo André, além de brilhar no Monterrey e no Pachuca, do México.
Quem vai duvidar do destino depois de sábado? Imagina se Caprini marcar gol, então?