São 13 vitórias seguidas, exatamente a partir de uma mudança de esquema que transformou o Chelsea em líder do Campeonato Inglês e objeto de estudo de qualquer analista tático. O italiano Antonio Conte abandonou o 4-1-4-1 em nome de um nada usual 3-4-3, e seu time virou um camaleão. Ataca em bloco, soltando os alas e dando liberdade de movimentação aos homens de frente. Quando está sem a bola, retrai-se rapidamente e posiciona-se em um 5-4-1 que, segundo Tite, "nem com broca" o adversário consegue penetrar – desde a mudança de sistema, sofreu apenas quatro gols nos 13 jogos pela liga.
Nesta quarta-feira, esse Chelsea inovador enfrenta o Tottenham e pode chegar ao 14º triunfo consecutivo no Campeonato Inglês, igualando o recorde do Arsenal de 2002. A seguir, ZH lista algumas das características únicas da equipe de Antonio Conte.
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A força do meio-campo
A linha de quatro jogadores do meio, formada por Moses e Alonso, pelos lados, e Kanté e Matic, pelo meio, é decisiva para o funcionamento do Chelsea.
Os alas talvez sejam os jogadores mais versáteis do esquema. Têm liberdade para se desprender de posições mais defensivas e apoiar o ataque, mas transformam-se em defensores sem a bola, alinhando-se com os zagueiros para formar uma linha de cinco. Não há quem corra mais do que eles.
Já Kanté e Matic têm papel importante na saída de bola. Destaque pela precisão do passe, o sérvio (que eventualmente é substituído por Fabregas) não se movimenta tanto quanto o parceiro, mas garante a transição lúcida justamente pela qualidade no fundamento. Já o francês, por se mover com intensidade, é sempre opção de passe para os companheiros.
Dos lados para o meio
Um dos segredos para a força ofensiva do Chelsea é a participação dos jogadores de ataque que atuam abertos pelos lados do campo. Quando Moses e Alonso sobem, Willian (ou Pedro) e Hazard têm sinal verde para deixar a região próxima à linha lateral e entrar em diagonal, causando confusão na marcação.
O belga Hazard, que vinha em grave crise técnica na última temporada, tem sido um dos mais beneficiados pelo esquema. Ao derivar da esquerda para o meio, junta-se a Diego Costa, o que lhe dá opção de tabela, e também tem a opção do chute de média e longa distância.
Equipe vertical
O time de Conte não segue a escola Barcelona a partir do momento em que tem a bola no pé. Nada de trabalhar a jogada com paciência, trocando passes lentamente até abrir espaços na defesa adversária. O Chelsea vai em direção ao gol, parte para a definição do lance rapidamente.
A estratégia se reflete nas estatísticas. O time tem, em média, 54% de posse de bola, número inferior ao de todos os seus principais concorrentes – Liverpool, Manchester City, Tottenham, Arsenal e Manchester United.
A fortaleza defensiva
Talvez o mais impressionante movimento do Chelsea de Conte seja a transformação do esquema no momento em que o time é atacado.
Rapidamente, os dois pontas recuam, ficando lado a lado com Kanté e Matic. Já os alas alinham-se com o trio de zagueiros. O 3-4-3 vira 5-4-1, e todo o time fica posicionado em um curtíssimo trecho do gramado – em análise da ESPN Brasil, uma imagem congelada da equipe registrou distância de pouco mais de 17 metros entre a linha defensiva e o centroavante Diego Costa.
Dificuldade dos adversários
Como pouquíssimas equipes atuam no 3-4-3, o Chelsea coloca os sistemas de marcação dos adversários em extrema dificuldade. Só o movimento coordenado entre os alas e pontas, citado no tópico "dos lados para o meio", já mostra o problema. O lateral-direito, por exemplo, vigia Hazard no início da jogada. De repente, Alonso sobe e o belga sai do lugar para circular pelo meio. Quem vai marcá-lo?
Na última rodada, o Stoke City, consciente da dificuldade, decidiu "espelhar" o esquema, utilizando o mesmo 3-4-3. O placar de 4 a 2 da vitória do Chelsea engana: o líder teve dificuldades para construi-lo. Ainda assim, mesmo com a marcação mais definida, corre-se o risco de deixar os três homens de frente no mano a mano com os três zagueiros. Basta um drible de Willian, Diego Costa ou Hazard – o que não é nada improvável – para que saiam na cara do gol.
* ZH Esportes