Se as quedas prematuras de Andy Murray e Novak Djokovic frustraram a expectativa dos torcedores por uma decisão com os números 1 e 2 do mundo no primeiro Grand Slam do ano, os fãs do tênis serão brindados com uma inesperada "final dos sonhos" no Aberto da Austrália, neste domingo, a partir das 6h30min.
Depois de o suíço Roger Federer superar o compatriota Stan Wawrinka na primeira semifinal, na quinta-feira, em tensa partida de cinco sets, nesta sexta-feira foi a vez de Rafael Nadal garantir seu lugar na decisão, em outra eletrizante maratona: em quase cinco horas de jogo, o espanhol venceu o búlgaro Grigor Dimitrov por 3 sets a 2, com parciais 6/3, 5/7, 7/6(5), 6/7(4) e 6/4.
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Mais de cinco anos depois, os dois maiores campeões da década passada voltam a se encontrar na partida decisiva de um dos quatro principais torneio do circuito – o último título de Major decidido por Federer e Nadal foi em junho de 2011, em Roland Garros, vencido pelo espanhol.
Há pouco menos de duas semanas, a reedição de um dos maiores clássicos nas quadras rápidas de Melbourne era apenas uma possibilidade remota. Poucos apostavam que os dois supercampeões do tênis, que anteciparam o encerramento da última temporada por problemas físicos e voltaram às quadras sob desconfiança geral, pudessem chegar tão longe outra vez em um grande torneio.
Desacreditados, os próprios tenistas brincam com a nova realidade. Em entrevista após a vitória sobre Wawrinka, Federer revelou o teor de uma conversa travada com o velho rival na academia inaugurada por Nadal em Mallorca, na Espanha, em outubro.
– Acho que daqui para frente só vamos nos enfrentar de novo em jogos de exibição, ou em partidas contra garotos – disse Federer, que arrancou risadas do público na Arena Rod Laver.
O fato é que os dois trintões (Federer tem 35 anos, e Nadal, 30), que se habituaram a duelar por troféus na condição de número 1 ou 2 do mundo, chegam a uma decisão de Grand Slam em posições nas quais estão poucos acostumados – Nadal é o 9º do ranking, e Federer, apenas o 17º.
Amigos fora das quadras, Federer e Nadal travam uma das maiores rivalidades da história das quadras. A decisão do Aberto da Austrália será o 35º confronto (veja quadro abaixo) entre os tenistas com mais títulos de Grand Slam (Federer soma 17 conquistas, contra 14 de Nadal, mesmo número de canecos levantados pelo ex-tenista americano Pete Sampras). O espanhol domina as estatísticas: soma 23 vitórias contra 11 de Federer. Em Grand Slam, foram 11 embates, nove vencidos pelo espanhol – seis deles em finais, contra dois do suíço.
Para os aficionados pelo esporte, o confronto entre os dois gênios das raquetes é acima de tudo um duelo de estilos: o tênis clássico, vistoso e agressivo de Federer contra a solidez na base e os contragolpes mortais de Nadal. É como assistir a uma partida entre times treinados por Pep Guardiola e José Mourinho. A preferência pelo estilo de um ou outro fica a gosto do torcedor, mas ambos são vencedores e cativam fãs mundo afora.
*ZHESPORTES