Nenê Hilário está em sua 15ª temporada ininterrupta na NBA. O feito de se manter em um nível tão alto e de forma regular por tanto tempo já seria suficiente para colocá-lo entre os grandes da história do basquete brasileiro. Pois nesta semana, ele tratou de dar um argumento a mais para isso: chegou a 10 mil pontos no melhor basquete do mundo. E, mesmo assim, parece não ser suficiente para que os brasileiros deem a Nenê o seu devido valor.
A relação estremecida com os dirigentes da CBB – veja bem, a posição de Nenê é totalmente justa neste caso – e as frequentes críticas de Oscar Schmidt foram um desserviço para a imagem dele junto ao público brasileiro. Mas ele foi titular por anos no Denver Nuggets e no Washington Wizards. Hoje, é um jogador de 34 anos que ainda tem espaço no Houston Rockets, um time sólido e competitivo.
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As bandeiras que Nenê levantou contra os dirigentes do basquete brasileiro eram frequentemente desvalorizadas, mas o desmando e as dívidas da confederação nacional quase levaram as seleções a perderem a vaga automática na Olimpíada do Rio de Janeiro. A crise é tão grave que a CBB foi suspensa de competições internacionais e sofrerá uma intervenção: passará um tempo gerida por Comitê Olímpico Brasileiro, Fiba e Ministério do Esporte. Falava-se da falta de patriotismo de Nenê. Mas ele faria mais pelo Brasil ao defender a seleção de uma instituição mal gerida ou ao evidenciar a má gestão ao grande público?
Oscar Schmidt fez críticas duras a Nenê. Em 2013, durante um jogo da NBA no Brasil, o ídolo nacional disse que vaiaria Nenê se estivesse nas arquibancadas por sua falta de vontade em defender a seleção. Se Nenê priorizou sua carreira profissional nos Estados Unidos, o que Oscar não fez, é justo criticá-lo? Nenê vive em uma época totalmente diferente, em que os ganhos são muito maiores e a exposição da NBA é muito maior. Quem faz mais pelo basquete brasileiro atualmente: um jogador que lidera uma seleção mediana ou um que vai para o basquete mais visto do planeta, coloca o nome do Brasil em evidência e incentiva milhares de crianças brasileiras a começar a praticar o esporte?
É hora de admitir: Nenê fez muito mais pelo basquete brasileiro do que podemos imaginar.
*ZHESPORTES