Neste domingo, começa o ATP Finals, torneio que reúne os oito melhores tenistas e as oito melhores duplas da temporada no tênis masculino.
Em jogo, está a briga pela liderança de dois rankings. Na chave de simples, o britânico Andy Murray e o sérvio Novak Djokovic decidem quem chegará ao fim da temporada na condição de número 1 das quadras. Murray tem 405 pontos de vantagem para Djokovic – o campeão invicto do torneio somará 1,5 mil pontos.
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Nas duplas, a disputa será entre os franceses Pierre-Hugues Herbert/Nicolas Mahut e Bruno Soares (BRA)/Jamie Murray (GBR). Herbert e Mahut tem Murray tem 575 pontos a mais no ranking.
Em clima de decisão em Londres, Zero Hora entrevistou dois tenistas brasileiros: o paulista Thomaz Bellucci (62º do ranking de simples) e o mineiro André Sá, número 52 do ranking individual de duplas. Veja as análises e projeções dos dois jogadores:
Depois de tudo o que Andy Murray vem fazendo, você o vê no mesmo nível histórico de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic?
André Sá – Realmente ele teve um ano incrível, além de tudo foi bicampeão olímpico, que nem contou pontos para o ranking, ele poderia estar com uma vantagem ainda maior. O que ele vem fazendo está quase de igual para igual para Djokovic, Nadal e Federer. Acho que o Nadal e o Federer ainda estão um pouco acima, pela quantidade de (títulos) Grand Slams. Mas ele está no caminho certo. O que o Murray jogou de tênis nessas últimas três, quatro semanas é algo inacreditável. Espero que ele esteja preparado agora para jogar em casa. Talvez ele sinta um pouquinho de cansaço, talvez ele já tenha alcançado o objetivo que era chegar ao número 1, e isso tenha um efeito negativo nesse Masters. Tomara que ele consiga superar essas barreiras emocionais e jogue o melhor tênis, porque o que todo mundo sempre quer ver é o número 1 e o número 2 disputando cabeça a cabeça. Isso vai fazer com o que o Masters se torne muito interessante.
Você acredita que ele terá condições de se manter no topo do ranking por muito tempo?
Thomaz Bellucci – Murray pode se manter, sim, por algum tempo no topo do ranking, mas não tanto tempo quanto Federer, Nadal e Djokovic. Hoje ele é, sem dúvida, o melhor, mas acho que o Djoko deve voltar à briga no ano que vem.
Sá – Acredito que ele tenha condições, sim, mas sinto que ele ainda tenha de melhorar a parte emocional. Vejo que ele reclama muito ainda entre os pontos, e isso a longo prazo pode ser uma barreira, se ele quiser se manter no topo por muito tempo e segurar o Djoko como número 2.
Qual é o seu palpite: você acha que o Djoko consegue recuperar a liderança do ranking ainda neste ano, no Finals, ou o Murray vai se manter como número 1 do mundo?
Bellucci – Difícil dizer, mas hoje em dia o Murray é melhor que o Djokovic. Não vejo o Djoko com a mesma motivação, mas com como ele é imprevisível, podemos esperar qualquer coisa dele.
Quais são as principais virtudes do Murray?
Bellucci – Ele tem um ótimo físico, é alto, se movimenta muito bem, contra-ataca, saca bem, neutraliza o ataque dos adversários. Ele é muito versátil.
Da nova geração, ou dos jogadores que chegaram ao Finals, tem algum tenista que você vê potencial de atingir a liderança do ranking em um futuro breve?
Bellucci – Acredito que o (austríaco Dominic) Thiem daqui uns dois, três anos poderá chegar ao topo do ranking.
Bruno Soares e Jamie Murray mostraram um entrosamento incrível neste primeiro ano de parceria. Você os vê como favoritos no torneio, com condições de se consolidarem como líderes do ranking na próxima temporada?
Sá – Com certeza o Bruno e o Jamie são favoritos neste Masters. Eles tiveram um ano incrível, dois títulos de Grand Slam (Abertos da Austrália e dos EUA). É algo incrível de se conseguir no mesmo ano. Eles têm totais condições de ficarem em primeiro lugar no ranking (de duplas), só não aconteceu ainda porque os franceses (Pierre-Hugues Herbert e Nicolas Mahut) tiveram também um ano impressionante. O Bruno teve um pouquinho de azar, ele poderia ter ficado em primeiro lugar (no ranking individual de duplas), mas escapou por um detalhe. Para 2017, dá para dizer que será melhor do que neste ano. O segundo ano de uma parceria sempre tem ajustes em alguns detalhes, e a tendência é de eles melhorarem.
O que faz deles uma parceria tão boa?
Sá – A parceria é boa porque um completa o outro. O Bruno tem uma grande devolução e um saque também muito eficiente. Com isso, traz o de melhor que o Jamie faz, que é o voleio. A devolução do Bruno deixa as coisas mais fáceis para o Jamie resolver lá na frente (na rede), e o saque dele também. O Jamie consegue cobrir mais os buracos. Por isso os dois são tão eficientes. Os dois estão sacando muito bem neste ano. Nós (Sá e o australiano Chris Guccione) jogamos contra eles neste ano no US Open e ambos sacaram muito bem. Isso faz uma diferença enorme nas duplas.
Já Marcelo Melo e Ivan Dodig chegam em clima de despedida, já que vão trocar de companheiros ano que vem. Mesmo assim, eles têm boas chances no torneio?
Sá – Esse torneio é, na verdade, um bônus para eles. Acho que vão jogar relaxados, sem a responsabilidade de um para com o outro. Então eles vão estar mais soltos, e isso torna a dupla mais perigosa, porque eles vão estar curtindo o momento, se divertindo. Como torcedor brasileiro, quero que eles cheguem o mais longe possível. Infelizmente, eles (Melo e Soares) caíram no mesmo grupo, mas tomara que as duas duplas passem (de fase).
*ZHESPORTES