Em um time sem Neymar e Douglas Costa, o carioca Philippe Coutinho, 23 anos, estrela do Liverpool, se candidata ao papel de protagonista na Copa América. Sucesso na Inglaterra, o garoto-prodígio criado no Vasco ainda cumpre na Seleção Brasileira uma trajetória irregular, muito por conta da falta de convicção do próprio treinador Dunga, que tateia em busca da escalação ideal.
Chamado para o lugar de Felipão após o desastre dos 7 a 1, Dunga incluiu Philippe Coutinho em sua primeira lista de convocados, em agosto de 2014. A convocação seguinte foi para os jogos contra Chile e Venezuela, em 2015, os dois primeiros das Eliminatórias da Rússia. Uma lesão fez o meia sobrar das convocações posteriores, contra Argentina e Peru. Noticiou-se que Dunga teria duvidado da versão da lesão. Verdade ou não, em recado direto a Philippe, o técnico afirmou que quem deixa a cadeira vazia perde o lugar. Só que, rendendo-se ao bom momento do jogador no futebol inglês, voltou a convocá-lo neste ano.
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A carreira de Philippe Coutinho na Europa teve início na Inter-ITA, em 2010, com sequência no Espanyol-ESP. Contratado em janeiro de 2013 pelo Liverpool, ele deslanchou e desde então acumula láureas no futebol inglês. Em 2016, pelo segundo ano consecutivo, foi eleito pelos torcedores e próprios companheiros de equipe o protagonista do time na Premier League. Também foi dele o gol mais bonito da temporada, em clássico contra o Manchester United. No lance, driblou o argentino Varela, aproximou-se da linha de fundo e, na frente de De Gea, quase sem ângulo, teve frieza e técnica de sobra para encobrir o goleiro.
– A finalização dele chama muito a atenção. Philippe usa a qualidade técnica para chegar na frente do goleiro e não chutar por chutar, mas para tirar dele. Isso mostra o quanto ele é diferente tecnicamente – afirma o técnico Renato Portaluppi, o primeiro a utilizá-lo entre os profissionais do Vasco, em 2009.
Renato lembra que Philippe já mostrava talento desde a base. Por isso, tratava de chamá-lo para participar de treinamentos contra os jogadores profissionais que haviam ficado fora da partida anterior.
– Foi muito fácil perceber que ele diferenciado, com toque de bola refinado. E, como é um menino, continua se aprimorando – completa o treinador.
– Para mim, ele é um craque. Faz a diferença em termos técnicos. É o melhor jogador do Liverpool dos últimos dois anos, desde a saída de Suárez – opina o volante Lucas Leiva, o melhor amigo de Coutinho no clube inglês.
Foi a partir da ida de Luis Suárez para o Barcelona, em 2014, que Coutinho, mesmo sem ser atacante, assumiu a função de goleador do Liverpool. Desde então, já marcou 20 gols.
Muito apegados, Coutinho e Lucas costumam se visitar em Liverpool e mesmo no Rio, nos períodos de férias. Há três anos, conta Lucas, Phillipe Coutinho passou alguns dias em Porto Alegre, na casa que o ex-volante do Grêmio ainda mantém na Capital.
O técnico Celso Roth conheceu Phillipe Coutinho em 2009, no Vasco. Na época, ainda com 16 anos, o meia já se destacava pela qualidade técnica. Ao mesmo tempo, Roth constatou uma característica que, em sua avaliação, até hoje impede que o jogador se destaque ainda mais. Algo que o treinador define como excessiva humildade.
– Ele tem uma visão de jogo diferenciada. Também tem uma ótima cabeça. Só que, talvez, precise se soltar mais, ele se contrai um pouco. É diferente de Neymar, por exemplo, que chega e toma conta – analisa Roth, que enxerga característica parecida no ex-colorado Oscar, do Chelsea.
Os torcedores do Liverpool tratam o brasileiro como ídolo. A campanha insatisfatória na Premier League e a perda do título da Liga Europa para o Sevilla não mancharam seu prestígio.
– O torcedor o adora. As crianças vibram com seu jeito de jogar. Phillipe é muito carismático – descreve Lucas Leiva, também citando, como Celso Roth, a timidez como uma característica do meia.
Modesto, o jogador não se considera ainda dono de uma vaga.
– Por enquanto, ninguém sabe ainda quem vai jogar. A única promessa é dar tudo se a chance aparecer – diz.
*ZHESPORTES