Dois atletas de Santa Maria estão confirmados na Olimpíada do Rio de Janeiro. Dois batalhadores que despontaram por meio de projetos sociais. Primeiro, a conquista inédita de Gilvan Ribeiro, na canoagem. Nessa quarta-feira, foi a vez de Maria Portela, 28 anos, ver o seu nome na lista dos selecionados pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para os Jogos Olímpicos.
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Mesmo que já soubesse extraoficialmente de sua convocação, até pela seu belo desempenho no ranking mundial – terminou na 14ª posição na categoria, sendo a melhor brasileira –, Maria preferiu aguardar a divulgação oficial, realizada por meio da página da CBJ no Facebook na manhã de quarta. Junto à atleta de Santa Maria, outros 13 nomes também foram anunciados pela confederação – além de Maria, mais dois gaúchos: Felipe Kitadai (60 kg) e Mayra Aguiar (78 kg), todos da Sogipa, clube de Porto Alegre. É a terceira vez consecutiva que o judô do Rio Grande do Sul terá três integrantes na equipe olímpica.
Assim como Gilvan, Maria decidiu enviar uma carta de agradecimento à cidade. Confira a carta de Maria Portela:
O destino me levou a Santa Maria após o falecimento do meu pai, em Júlio de Castilhos, quando eu tinha seis anos. Minha mãe, dona Sirlei, sozinha com quatro filhos e sem condições de nos criar, mudou-se para mais perto de suas irmãs e em busca de novas oportunidades de emprego.Aos oito anos, essa cidade me presenteou através do projeto Mãos Dadas, com a professora Aglaia Pavani, onde dei os meus primeiros ippons no judô.
Esse esporte transformou a minha vida, após tantos anos de suor e dedicação, aos 19 anos, conquistei minha vaga na seleção brasileira de judô. Tive oportunidade de conhecer vários países e diferentes culturas, mas, somente em 2012, consegui realizar meu sonho de participar de uma Olimpíada. Me classifiquei em oitava do mundo após consagrar-me campeã pan-americana.O que parecia apenas um sonho distante, tornou-se realidade.
Porém, mesmo com muitos anos de prática no esporte, não tinha noção da grandiosidade de uma Olimpíada e acabei não me preparando psicologicamente. Sofri por não ter lutado como eu gostaria, e até pensei em desistir do judô, mas minha família e meus amigos me apoiaram e voltei com forças renovadas e determinada a fazer diferente e conquistar minha vaga na Olimpíada deste ano, no Rio.Depois de quatro anos de muito treino, em busca de evolução e competições para alcançar pontos no ranking mundial, hoje estou feliz e grata por ter conquistado a vaga para a segunda Olimpíada.
Ter a oportunidade de representar meu país, minha família, meus amigos e minha cidade do coração, Santa Maria, me motiva a dar o meu melhor e lutar com raça.Obrigada aos santa-marienses, por sempre me acolherem com carinho e pelas mensagens de incentivo, que, com certeza, fazem toda a diferença durante esta jornada.