Há praticamente quatro anos no Brasil-Pel, Rogério Zimmermann começa amanhã o mais alto passo de sua trajetória no clube de Pelotas. Contra o Paraná, às 16h, no Bento Freitas, o clube e o técnico dão início à disputa da Série B. Uma realidade bem acima do esperado quando assumiu o cargo na Divisão de Acesso de 2012. De lá para cá foram um acesso estadual, dois nacionais e dois títulos do Interior. Agora, o momento é de aproveitar a possibilidade de um calendário cheio para o segundo semestre, com 38 jogos televisionados e um novo momento do futebol gaúcho.
A equipe mudou em três peças em relação àquela que terminou o Estadual eliminada pelo Grêmio nas quartas de final. Foram contratados o lateral-esquerdo Marlon, ex-Criciúma e Vasco, o volante Marcão, ex-Linense e Boa, e o atacante Siloé, que estava no Ceará. Por outro lado, o volante Márcio Hahn deixou o clube.
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Mas, mais até do que os reforços, a diferença deve ser do lado de fora. Embora tenha 7,2 mil lugares, o Bento Freitas está liberado para as quatro primeiras partidas em casa na competição. E o ambiente é de euforia na cidade. Já na estreia, a expectativa é de estádio lotado.
O sonho xavante é claro: repetir os anos 1980, quando alcançou a elite do futebol nacional e beliscou até mesmo as grandes decisões. Em 1985, chegou às semifinais do Brasileirão.
ENTREVISTA
Rogério Zimmermann
Técnico do Brasil-Pel
Como está sendo essa preparação final?
Antes de tudo, é um momento bom para vermos a trajetória que o Brasil fez para chegar neste momento, depois de tanto tempo um clube do Interior voltar à Série B. É hora de perceber a importância da competição e de tudo o que se fez para chegar aqui e o desafio que é chegar e fazer uma campanha que corresponda à expectativa de todos.
Qual é o objetivo do clube na Série B?
Sempre temos que ter objetivos alcançáveis, próximos. Por exemplo, quando estávamos na segunda divisão, queríamos subir. Depois do acesso, pensamos em ficar na primeira divisão. Na sequência, ficar entre os oito. E assim por diante, até sermos campeão do Interior. O mesmo serve para a Série D, Série C. Mesmo que no início pensamos em uma situação mais simples, tentamos alcançar fatos maiores. Na verdade, passamos para os atletas objetivos mais próximos para irmos subindo aos poucos. Vamos vivendo um dia de cada vez, não dá para ser campeão no início. Primeiro vamos ficar na divisão e nos cercamos disso até conseguirmos. Só então pensamos: "e agora?".
O Brasil enfrenta dois campeões estaduais nas cinco primeiras rodadas, o Goiás e o Paysandu. São eles os principais adversários?
Tem o Vasco, campeão carioca. Mas talvez não queira dizer muito. Os estaduais nem sempre são parâmetro. Claro que estamos falando tudo na teoria. Vejo como candidato para subir de divisão, não necessariamente adversários do Brasil, os quatro que caíram da Série A (Vasco, Goiás, Joinville e Avaí). Eles tiveram 38 partidas contra times grandes do país, com alto índice de exigência. São clubes que pensamos sempre em Série A, como é o Bahia também. Aliás, este é o nosso maior desafio: frequentar este mundo de convívio nas principais competições, enfrentar equipes que estão adaptadas a jogar este tipo de competição com 38 rodadas em pontos corridos. É uma realidade que o Brasil não está acostumado. O que falo sempre: o Brasil ainda não é um time de Série B. É um time que se candidatou a disputar a Série B. Então precisa fazer uma campanha boa, tranquila, para permanecer, daí seremos um time e um clube completamente diferente no ano que vem.
Como os atletas que estão há tanto tempo veem isso?
É uma motivação, o desafio. Vamos pegar o exemplo do Leandro Leite, que está aqui desde 2012. Ele é um jogador que evolui. Não é mais o mesmo volante de quatro anos atrás. As conquistas ao longo deste tempo transformam o atleta. É uma contratação, no fim das contas.
A campanha do Gauchão não foi a esperada. Em algum momento o senhor se sentiu ameaçado?
Me sinto um treinador privilegiado. Nestes quatro anos, sempre tive respaldo. Claro que os resultados sempre ajudaram. Mas este ano, nós conversamos com a direção e decidimos que este era o ano da Série B. Não vou dar isso como desculpa, nós priorizamos o Gauchão também, gostaríamos de ter sido campeões. Mas há que se lembrar que vamos fazendo campanha sempre. Fizemos tudo igual: boa pré-temporada, bons amistosos, contratações. Mas, mesmo que haja um planejamento muito bom, eventualmente dá uma oscilada. Isso é o esporte. Não tem como um clube do Interior conseguir manter quatro anos de resultados. Nem times grandes conseguem. E mesmo assim, avançamos. O Brasil não ir tão bem é chegar às quartas de final. O mérito do Brasil não é ter feito uma campanha boa. É ter mantido uma expectativa sempre.
O Brasil é o time que vai fazer as viagens mais longas. Há dificuldade nisso? Há preparação especial?
É um mundo que estamos entendendo, com a questão de logística. Mas o Brasil, mesmo jogando competições estaduais e as outras séries, sempre demos atenção para recuperação, preparação, alimentação. Em alguns jogos, íamos até dois dias antes já na segunda divisão. Contra o Fortaleza fomos quase uma semana antes. Agora eventualmente teremos jogos em três dias. Isso sempre foi uma preocupação. E por isso sempre tivemos sucesso. O extracampo sempre se refletiu em campo. Além disso, os clubes também precisarão viajar para jogar em Pelotas. Além disso, precisamos ver o que fazem Chapecoense e Luverdense, que fazem valer o fator local, transformar a partida em casa em decisão.
O que muda agora, em jogar a Série B, com relação às outras?
A Série B tem nível técnico maior e isso influencia tudo, a tática, física. Enfrentamos jogadores melhores. Mas são times que jogam e deixam jogar, com bons gramados, boas partidas, televisionamento. Todos querem jogar. A Série B proporciona uma qualidade maior.
Os adversários xavantes
Favoritos a subir
Vasco, Joinville, Goiás, Avaí, Náutico e Bahia
Podem surpreender
Paraná, Paysandu, Criciúma, Atlético-GO, Sampaio Corrêa
Lutam contra o rebaixamento
Tupi, Londrina, Luverdense, Oeste, Bragantino, CRB, Ceará, Vila Nova
1ª rodada
Sexta-feira
19h15min Vila Nova x Bragantino
20h30min Oeste x Atlético-GO
21h30min Tupi x Goiás
Sábado
16h Ceará x Paysandu
16h Sampaio Corrêa x Vasco
16h Brasil-Pel x Paraná
16h Londrina x CRB
16h30min Criciúma x Náutico
21h Bahia x Avaí
21h Luverdense x Joinville