Contratado pelo Inter 285 dias atrás, a fim de render o interino Odair Hellmann, que havia recebido a árdua missão de estar treinador após a demissão de Diego Aguirre, Argel Fucks poderá conquistar neste domingo o segundo título como técnico colorado. A vitória por 1 a 0 sobre o Juventude, no Alfredo Jaconi, permite ao conjunto de Argel jogar por um empate no Beira-Rio, a fim de conquistar o hexacampeonato estadual – feito obtido apenas quatro vezes na história de 97 do Gauchão. Em 23 partidas no Beira-Rio, Argel perdeu apena suma vez (2 a 1, de virada, para o Veranópolis).
Lá atrás, em agosto, Argel não era a primeira opção da diretoria colorada. O argentino Jorge Sampaoli e o ex-Inter Muricy Ramalho estavam na frente. Mas não houve acerto qualquer um deles. Por sugestão do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto, o Inter cruzou o Mampituba e foi a Florianópolis apostar em Argel. O treinador do Figueirense, que havia sido campeão estadual naquele ano, se tornou em 13 de agosto de 2015, o 105º técnico da história do Inter.
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Depois de realizar uma campanha de recuperação no Campeonato Brasileiro, Argel foi confirmado no cargo para a atual temporada. Com poucos reforços, sem Nilton (suspenso) e Valdívia (lesionado), além de D'Alessandro, que trocou o Inter pelo River Plate na primeira semana de fevereiro, ele tratou de remontar o time. Sem estrelas, Argel construiu um Inter mais espartano, onde o conjunto é o destaque do time.
– Os resultados do Inter são muito bons, mas a performance não é excelente. Não é um time que o torcedor pague o ingresso e saiba o que vai ver. Às vezes, vê um jogo ruim, como o primeiro tempo contra o Brasil-Pel e o jogo de ida com on São José, porque o padrão de jogo da equipe ainda é instável – avalia o comentarista do canal Sportv Sérgio Xavier Filho.
Para o comentarista gaúcho, há um claro divisor de águas no Inter ao estilo Argel.
– A saída de D'Alessandro foi fundamental para que o Inter mudasse o seu jeito de jogar. D'Alessandro era o carimbador, que fazia o Inter pulsar em uma velocidade menor, mas mais segura em termos de posse de bola, e já se defende melhor. Com Artur, Sasha e Andrigo, o time ganhou velocidade, está mais vertical, ainda que o grande diferencial da equipe, Vitinho, esteja em formação e não consiga fazer a leitura de jogo – afirma Xavier.
Em sua gestão, Argel tem importantes acertos na atual equipe. Apostou em dois novos titulares saídos das categorias de base: Artur e Andrigo. Insistiu com Vitinho que, apesar da infantil expulsão no jogo de ida das finais do Campeonato Gaúcho, em Caxias do Sul, é o principal goleador da Era Argel no clube. Paulão, que será o novo capitão do Inter após a saída de Alisson para a Roma, também foi uma decisão do treinador. Os volantes Fernando Bob e Fabinho, dois dos mais regulares jogadores da equipe nessa temporada, foram pedidos de Argel.
– O grande acerto de Argel foi ter identificado o tamanho do Inter. O que não é comum, pois há vários treinadores que têm time que joga pouco e pensa que é o Barcelona. Aí, se dá mal. Argel arma estratégias para um time limitado. E é muito difícil marcar gols no Inter porque o técnico prepara a equipe para não sofrer gols – entende o comentarista da Rádio Gaúcha Wianey Carlet. – Mas, mesmo tendo o comando do vestiário, com o material humano que tem, Argel não conseguirá tirar muito mais desse time – emenda Wianey.
O comentarista da RBS TV Maurício Saraiva avalia que o maior mérito de Argel foi ter firmado um time para a fase final do Estadual:
– Ele conseguiu dar ao Inter uma cara de time, algo que o clube não tinha desde a fase de classificação, e que rendeu a eliminação na Primeira Liga. Com convicção e persistência, formou parceria no time: Paulão e Ernando, Bob e Dourado ou Fabinho, Anderson e Andrigo, além de Sasha e Vitinho. É uma equipe madura e que já tem boa base para o Brasileirão.
Para Saraiva, uma das dificuldades de Argel no começo de seu trabalho também já está sendo suprida: as trocas de jogadores, com manutenção de uma mesma forma de jogar.
– Até bem pouco tempo atrás, ele parecia não encontrar as soluções quando perdia peças. Parece ter corrigido isso. Precisa de continuidade para mostrar que está no caminho certo – finaliza Saraiva.
Domingo, no Beira-Rio, Argel terá a chance de transformar os nove meses de trabalho em Hexa.
* ZH Esportes