Talento e pequenas modificações aerodinâmicas já não bastam diante da incrível tecnologia dos carros Mercedes, Ferrari, RBR e até mesmo do estreante Haas...
A imagem, exibida ao final do treino classificatório para o GP do Bahrein – segunda etapa da Fórmula-1 –, impressionou e sintetizou um fato que muitos previam antes mesmo de iniciar a temporada. Nos boxes do autódromo barenita, a figura pálida, de olhos fundos e cabelos revoltos, olhando os monitores de televisão, nem de longe personificava um competidor que acabara de extrair todo o potencial de sua máquina.
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Em outras palavras, na noite de sábado, Felipe Massa percebera pelas imagens exibidas no vídeo que seu esforço fora inútil. Perplexo, o brasileiro acabara de ver o inglês Lewis Hamilton, tricampeão e arquirrival, registrar o espantoso tempo de 1min29seg493. A marca, que valeu mais uma pole position para o inglês, serviu para sedimentar a preocupação de quem estava prestes a tomar outro banho dessa máquina fantástica conhecida como Mercedes W07/Hybrid.
Essa situação já havia sido constatada por Massa no ano passado. Só que o corpo técnico e desportivo da equipe Williams abusou da negligência. Por esse motivo, o resultado da corrida disputada no domingo – vencida por Nico Rosberg, com Hamilton em terceiro –, foi apenas a reprise do que aconteceu em diversas corridas de 2015 e na prova de abertura (Austrália), quando a equipe alemã esbanjou competência.
Palavra que, tudo indica, não está sendo usada pela Williams. Na prova de domingo, a parte operacional deixou a desejar (a tão "elogiada" estratégia de duas paradas no box não teve efeito). Sobre a nova asa dianteira, pouco para dizer. Até porque, sofrer ultrapassagem dos carros RBR e até mesmo da estreante equipe Haas e finalizar em oitavo lugar, não é coisa que se espera de um time que, antes da temporada, dava como certo brigar por pódios e vitórias.
Em resumo: se havia dúvida sobre a equipe de Sir Frank Williams ter se aproximado ou não de Mercedes e Ferrari, a segunda prova a dirimiu de vez. Pior ainda, o modelo FW38 sequer representou um avanço em relação ao de 2015. Por esse motivo, não é exagero registrar que 2016 já era. Espera-se ao menos que o principal objetivo do time inglês seja reagir como nos velhos tempos. E que os mais de 200 dias que restam para o início da temporada 2017 sejam providenciais – e, quem sabe, definitivos – para a equipe projetar um modelo que lhe permita voltar aos dias de glória.
*ZHESPORTES