Sim, eu tenho time.
Jornalista esportivo não tem time. Torce pelo seu trabalho.
Verdade absoluta se considerarmos o que regem as determinações da profissão no que diz respeito à conduta de um profissional da área.
Como produtor, repórter, apresentador, debatedor e comentarista, cobri jogos da dupla Gre-Nal nos últimos 20 anos pouco me importando com perdedores e vencedores dentro das quatro linhas.
O que valia e vale é o trabalho bem feito.
Leia mais:
Iair Iugt: "Direto de Rosario"
Nícolas Andrade: o Conor e o "Notorious"
Eduardo Torres: não vai ter Gre-Nal!
Mas não brotei em um auditório de universidade na hora da formatura com um canudo na mão. Eu tinha vida antes disso.
E vivi intensamente o que me levou a buscar o jornalismo esportivo como profissão: a paixão pelo futebol.
Aí é só partirmos para conclusões simples: se amava o futebol, tinha time, se sou Gaúcho, torcia para Inter ou Grêmio.
Torci sim. Torci muito. Vibrei e sofri. Invadi gramado e atravessei de joelhos em um título. Fui de torcida organizada.
Mesmo que as últimas duas décadas tenham encaixotado esse sentimento em um reservado canto do meu coração, nunca deixei de ter carinho especial pelo meu time.
Nunca deixarei de ter isenção para analisar um jogo de futebol, afinal de contas essa é a minha profissão, mas quem sabe em momentos de folga eu não possa voltar a me emocionar sem culpa com uma vitória do meu time?
Pelos meus filhos pequenos, que enfim poderão ir com o pai em um estádio de futebol...
Pelos estudantes de Jornalismo que tem a angústia de achar que precisarão engolir tudo que sentiram e vibraram com seus times antes da vida profissional lhes bater à porta...
Pela vontade de que essa bobagem de que jornalista não tem time acabe...
Eu digo sim.
Eu tenho time do coração!
Eu sou colorado!
Eu sou campeão de tudo!
E isso não faz de mim um analista de futebol menos honesto que os outros.
*ZHESPORTES