Dois dias após escrever seu nome na história do tênis brasileiro, o mineiro Bruno Soares ainda está assimilando o feito alcançado no último final de semana: dois títulos de Grand Slam em menos de 24 horas.
Na realidade, o tenista de 33 anos precisou exatamente de 16 horas e 29 minutos para ganhar as decisões nas duplas masculina e mista do Aberto da Austrália e embolsar 396 mil dólares australianos - cerca de R$ 1,135 milhão.
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Imagem: William West/AFP
- A sensação é fantástica! Me sinto muito honrado de poder conseguir tal feito. Foi, realmente, um final de semana perfeito - declarou emocionado.
Ao lado de Jamie Murray e Elena Vesnina, Bruno Soares se tornou o primeiro brasileiro a conquistar dois títulos em uma mesma edição de Grand Slam na Era Aberta do tênis.
Bruno também iguala Gustavo Kuerten, ambos contam com quatro títulos de Grand Slam no currílo. Nas duplas mistas, o mineiro já havia vencido duas vezes o Aberto dos Estados Unidos: em 2012, ao lado da russa Ekaterina Marakova; e em 2014, ao lado da indiana Sania Mirza. Já o catarinense é tricampeão de simples e campeão juvenil de duplas em Roland Garros.
Imagem: Saeed Khan/AFP
Ao desembarcar no Brasil, Bruno Soares ainda não descansou, devido a maratona de compromissos, mas conseguiu arranjar um tempo em sua agenda para atender, por telefone, a reportagem de ZH. Durante a entrevista, o brasileiro comemorou seu retorno ao top 10 no ranking de duplas e revelou como foi sua preparação após dormir apenas 03h30min.
Confira a entrevista de Bruno Soares na íntegra:
Qual é a sensação de fazer história e ser o primeiro brasileiro da Era Aberta a ganhar dois títulos de Grand Slam em uma mesma edição?
A sensação é fantástica! Não por ser o primeiro brasileiro a ganhar dois títulos em um mesmo Grand Slam na Era Aberta, mas por simplesmente ganhar dois títulos. Acho que, independente de qualquer coisa, é um feito incrível para qualquer nacionalidade. Me sinto muito honrado de poder conseguir tal feito. Juntasse a isso, o fato de eu ter conquistado o meu primeiro Grand Slam de dupla masculina. Foi, realmente, um final de semana perfeito.
Já tinha passado pela sua cabeça que você seria capaz de fazer algo assim antes: dois Grand Slams em menos de 24h?
Passar pela minha cabeça obviamente já passou. Mas o fato de concretizar é outra história. No US Open 2013, eu tinha chegado perto de conquistar um dos dois. Na época, eu fiz final na dupla masculina e perdi na semi da mista. Obviamente que quando a gente chega longe, pensamos em beliscar um dos dois. Mas ganhar os dois é realmente algo incrível. Um feito que espero repetir, mas sei como é difícil.
Agora você tem três títulos de duplas mistas e todos eles com parceiras diferentes, você pretende seguir jogando com a Vesnina?
Vou seguir jogando com a Vesnina, sim! Depois de um título como esse, não tem como não continuar. A gente se deu superbem dentro de quadra, ela é uma menina super bacana e a nossa ideia é jogar esse ano juntos.
Como surgiu a oportunidade de vocês jogarem juntos?
A oportunidade surgiu em dezembro. Na verdade a Sania Mirza, com quem eu vinha jogando antes, me mandou uma mensagem falando que queria jogar com outro parceiro. E como eu já conhecia a Vesnina, desde o tempo que eu jogava com a Makarova, elas jogavam duplas juntas e são muito amigas, sempre ia assistir os jogos. E algumas vezes a gente já tinha meio que conversado de jogar juntos, mas nunca tinha conciliado. Aí em dezembro mandei uma mensagem para ela dizendo que na Austrália eu estava buscando uma parceira, ela topou e deu no que deu.
Como foi a preparação para os dois jogos?
A preparação para o jogo de dupla masculina, no sábado, foi normal. Foi uma rotina normal, como qualquer outro dia. Obviamente se acrescenta um pouquinho do nervosismo, um pouquinho da ansiedade e tudo isso que antecede uma final de Grand Slam. Mas de uma forma geral, a preparação foi a mesma. Estava tranquilo durante o dia, foi um dia bem longo, por nós termos entrado em quadra às 10h da noite. Mas de uma forma geral, eu estava tranquilo. O mais complicado mesmo foi da dupla masculina para a dupla mista, aí realmente já foi outra história. A adrenalina já estava lá em cima, tudo que vem junto com esse título, a emoção. Quase não dormi, dormi das 5h às 08h30min. Só 3h30min de sono, mas nessas horas tem que levar na superação, tem que levar na raça. Não dá pra ficar chorando demais, não. Eu sabia da importância do domingo, de mais uma final de Grand Slam e, felizmente, consegui sair com essa dobradinha.
Na Olimpíada, você pensa em jogar duplas mistas?
Eu penso em jogar duplas mistas, sim. Ainda não foi conversado quais serão os critérios e quem vai decidir isso. Mas me coloco obviamente e inteiramente a disposição, com muita vontade de jogar a dupla mista.
Depois desse início espetacular de temporada, você tem uma meta de ranking para o ano?
A meta de ranking para o ano sempre foi voltar ao top 5. Foi a meta que eu estipulei em dezembro do ano passado. Chego agora de volta ao top 10 depois desse início de temporada, mas continuo trabalhando para tentar finalizar entre os cinco melhores do mundo.
Os duplistas brasileiros continuam batendo recordes. Primeiro, o Marcelo sendo número 1. E agora você, colocando seu nome ao lado de Maria Esther Bueno nessas conquistas. Parece que agora o brasileiro está abraçando as duplas definitivamente. Como se sente em relação a isso?
Eu acho que o brasileiro está abraçando as duplas faz um bom tempo, de uma forma geral. Tanto os fãs, quanto a mídia, quanto os patrocinadores. Todos as pessoas que acompanham a gente já estão abraçando. Isso se deve ao grande trabalho que eu, o Marcelo (Melo) e o André (Sá) estamos fazendo. De alguns anos para cá, eu e o Marcelo conseguimos quebrar tudo quanto é recorde que o Brasil tinha, e realmente a gente conseguiu levar o tênis brasileiro aos lugares mais altos nos torneios mais importantes. Isso, realmente, fez com que a dupla se tornasse muito visada, muito transmitida e para nós, isso é uma coisa muito bacana. E saber que a gente está fazendo parte disso tudo. Só de saber que pessoas estão assistindo, torcendo e, quem sabe, começando a praticar o esporte é motivo de muita alegria para mim.
*ZHESPORTES
Grande fase
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