Em 2013, os 10 presidentes das associações que sustentam a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), a CBF entre eles, venderam direitos de TV e aceitaram milhões de dólares em suborno, sempre com a bênção da Fifa. Menos de três anos depois, nove dirigentes foram alcançados pela Justiça, graças ao esforço do FBI. Fosse pelas autoridades dos seus países, o cenário continuaria o mesmo de dois anos atrás.
Lembra deles?
Julio Grondona (Argentina, já falecido), Marin (Brasil, em prisão domiciliar), Rafael Esquivel (Venezuela, preso), Carlos Chávez (Bolívia, preso), Juan Ángel Napout (Paraguai, prisão domiciliar), Luis Chiriboga (Equador, preso), Manuel Burga (Peru, preso), Luis Bedoya (Colômbia, em liberdade condicional), Sergio Jadue (Chile, em liberdade condicional) e Sebastián Bauzá (Uruguai). Bauzá ainda não foi indiciado pelas autoridades.
Todos desfilaram no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, entre junho e julho, como donos do futebol da América do Sul, ciceroneados pelo infame José Maria Marin e recebendo diárias em dólares da Fifa.
No total, a justiça dos EUA indiciou 39 pessoas, na maioria dirigentes ligados ao futebol latino-americano. Entre os acusados, 12 se declararam culpados, aceitaram cooperar com a Justiça em troca de uma possível redução de pena. Não reclamam nem das pesadas multas que sofreram.
Com o primeiro escalão da Conmebol comprometido, com o segundo quase totalmente envolvido em casos de corrupção, começaram a brotar nomes de dirigentes que trafegavam longe dos holofotes, como o de Alejandro Domínguez, presidente da Associação Paraguaia de Futebol (APF). Ele foi o sucessor do conterrâneo Juan Ángel Napout, que deixou a associação do seu país para ocupar a cadeira número 1 da Conmebol em 2014. Preso nos EUA, Napout pode ser substituído por Domínguéz, que arranca como favorito nas eleições presidenciais da Conmebol, marcadas para o dia dia 26 deste mês, em Luque, no Paraguai. Walmir Valdez, presidente da Associação Uruguaia de Futebol (AUF), é concorrente ao cargo mais importante do futebol da América do Sul, mas tem o apoio de apenas três associações. Não conta com o voto do Brasil.
Nascido na capital Assunção, Alejandro Domínguez Wilson-Smith é economista, formado na Universidade de Kansas, no Missouri, nos EUA, com mestrado em seu país e experimentado gestor de empresas. Passou por grupos de comunicação, integra o conselho de grandes empresas e é um dos fundadores da Rádio Amor 95.9 FM.
Sua ligação com o futebol paraguaio tem longas quatro décadas de vida. Ele frequenta vestiários e salas de dirigentes desde criança. É filho de Osvaldo Domínguez Dibb, presidente histórico do Olimpia, um dos times mais populares do Paraguai, três vezes campeão da Copa Libertadores da América. Dominguez filho foi vice-presidente do clube, de onde saiu para ocupar a primeira vice-presidência da APF em 2007. Presidente interino desde agosto de 2014, disputou uma eleição no ano passado. Ganhou fácil. Recebeu volumosos 125 votos dos 137 associados da APF.
Antes do Fifagate, Domínguez foi apoiado o tempo todo por Napout. Recebeu a bênção de Nicolás Leoz, a quem tratava por Don Leoz. Depois, sem levar a sério as primeiras acusações contra seus mentores, usou a imprensa local para defendê-los das acusações. Disse que a Conmebol era uma casa "limpa".
Não era. Não é.
Nunca foi.
Leoz, Figueredo e Napout, ex-presidentes da Conmebol
Montagem sobre fotos/AFP
A casa maldita
Ex-presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueredo, preso em Montevidéu, disse que recebeu da empresa argentina Full Play Group R$ 1,6 milhão para facilitar a comprar de direitos de transmissão de torneios, entre eles a Libertadores. Ganhava ainda uma mesada de R$ 200 mil mensais para agir nos bastidores. Figueredo é sucessor de Nicolas Leoz e antecessor de Juan Ángel Napout, ambos paraguaios e em prisão domiciliar, na liderança da Conmebol. O FBI calcula que R$ 300 milhões tenham sido desviados da Conmebol nos últimos anos. A Justiça dos EUA coloca José Maria Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, três ex-presidentes da CBF, na lista dos dirigentes que receberam propinas no esquema da Libertadores.
*ZHESPORTES