Martín Palermo, o maior artilheiro da história do Boca Juniors, quinto maior artilheiro do futebol argentino e o mais velho argentino a marcar um gol em Copa do Mundo estará em Porto Alegre no domingo, 27, para participar do evento Lance de Craque.
Em Buenos Aires, a caminho de Miami onde sediaria uma Clínica de Futebol, Palermo conversou com exclusividade com a Rádio Gaúcha e falou sobre Maradona, Seleção Argentina, os principais momentos da carreira e a amizade com D'Alessandro.
A trajetória de Palermo no Boca Juniors iniciou em 1997. Foram 14 conquistas até a emocionante despedida de "El Titán" em junho de 2011.
Rádio Gaúcha - O que você espera do Lance de Craque, qual a sua opinião sobre eventos beneficentes com a participação de jogadores?
Palermo - Creio que será uma linda oportunidade para, em um jogo beneficente, ajudar os menos favorecidos. No ano passado D'Alessandro já havia me convidado, mas por outras circunstâncias não pude estar presente. É algo importante que nós, como jogadores de futebol, possamos participar, ainda mais em finais de ano quando os jogadores estão a disposição.
Gaúcha - Desde quando existe a amizade com D'Alessandro?
Palermo - Nos enfrentamos em alguns clássicos Boca x River, temos um amigo em comum que é Matias Aldao, sempre mantenho contato com ele, quando enfrentamos o Inter também estivemos em contato, assim se fortaleceu minha amizade com Andrés (D'Alessandro). Eu lhe convidei para minha partida de despedida, infelizmente ele não pode estar, e por mais que haja essa rivalidade dele ter sido criado no River e eu no Boca sempre estamos em contato e estou muito agradecido dele ter me convidado para participar deste evento."
Gaúcha - Durante a sua carreira em algum momento você recebeu propostas para atuar no Brasil?
Palermo - A verdade é que proposta concreta nunca houve. Na minha última etapa como jogador havia interesse do Palmeiras e do São Paulo, mas já estava encerrando a carreira e decidi encerrar no Boca, o clube que mais me identifiquei por toda a história que tenho no clube, por isso, decidi encerrar a carreira no Boca.
E agora, como está esta nova experiência como treinador?
Palermo - Tive duas experiências, um ano no Godoy Cruz e depois no Arsenal, de Sarandí, e agora espero uma nova oportunidade. Estou com vontade de seguir trabalhando, acredito que ser treinador de futebol não é nada fácil, mas eu tenho a mesma paixão de quando fui jogador e quero seguir fazendo o mesmo como treinador. Tenho que estar me preparando sempre, ser jogador de futebol não te leva a ter todo o conhecimento para ser treinador, assim tenho que estar preparado e esperar o momento. Treinador, às vezes, não tem continuidade como jogador de futebol que faz um contrato de 3 anos, por exemplo. Se um treinador não obtém resultado ele é demitido, mas estou tranquilo, esperando o momento e a oportunidade para voltar a trabalhar."
Gaúcha - Quais foram os gols mais importantes da carreira?
Palermo - No Boca, com certeza, foram os dois gols que marquei contra o Real Madrid na final do Mundial de Clubes, no Japão. Com a Seleção Argentina foi o gol pelas eliminatórias contra a Seleção Peruana, no Monumental de Nuñez, que nos ajudou a nos classificarmos para a Copa do Mundo. Justamente o gol que fez com que eu jogasse minha primeira Copa do Mundo, joguei contra a Grécia, 10 minutos, e marquei um gol. Acredito que viver essa experiência aos 36 anos foi algo incrível. São emoções que estão muito presentes."
Gaúcha - Como é a sua relação com Maradona?
Palermo - A gente sempre está em contato, por mais que ele não esteja na Argentina agora, nos falamos com frequência, ele me ligou pelo meu aniversário, eu retornei no aniversário dele, trocamos algumas mensagens, serei eternamente grato a ele, foi ele que me indicou ao Maurício (Maurício Macri, então presidente do Boca que contratou Palermo) quando este era presidente do Boca, e depois, obviamente, por esta convocação para a seleção. Graças a ele fiz algo que não faria nunca."
Gaúcha - Quais são as suas lembranças sobre a final da libertadores de 2007 contra o Grêmio?
Palermo - Fizemos uma grande partida tanto em La Bombonera como depois no Brasil. Riquelme fez um grande jogo com um um gol incrível, eu tive a infelicidade de errar um pênalti, defendido pelo Saja e cometido pelo Schiavi, mas são lindas recordações, afinal foi uma conquista importante para o Boca, que nos deu a chance de jogar o Mundial de Clubes. São momentos importantes que marcam sua carreira."
Gaúcha - Riquelme foi o principal jogador que atuou ao seu lado?
Palermo - Roman (Riquelme) faz a diferença pela sua qualidade, pela sua forma de jogar. Tanto ele quanto Schelloto me entendiam e eram os jogadores que mais me davam assistências. Roman é um jogador que tem uma capacidade e uma visão de passe para o atacante que sempre me deixava em situação de gol.
Gaúcha - O momento mais emocionante da carreira foi o jogo de despedida contra o Banfield?
Palermo - Obviamente que sim, a partida contra o Banfield, minha última partida em La Bombonera foi muito emocionante, com muitas sensações. Por tudo que fiz pela camiseta do Boca, tantas coisas que o futebol me deu, quando alguém se despede passa tudo pela cabeça e a emoção é muito forte, ainda mais dividindo com a família e com amigos. Foi uma decisão difícil, um momento emocionante abandonar o futebol.
Gaúcha - O que você espera do governo de Maurício Macri, novo presidente da Argentina?
Palermo - Com Maurício tenho uma excelente relação, é uma pessoa capaz em tudo que se propôs em sua carreira, seja como presidente do Boca, como prefeito de Buenos Aires e agora diante deste novo desafio de ser o presidente do nosso país. Ele sabe que tem que melhorar a Argentina, melhorar a educação, existem muitas coisas que sabemos que a Argentina precisa melhorar e ele está pronto para este novo desafio.
Palermo - Quem foi o melhor do mundo Pelé ou Maradona?
Não tive a sorte de ver Pelé jogar e por ter visto Maradona em dois mundias e dividir com ele o vestiário na Copa do Mundo de 2010 e pelo carinho que tenho por ele, com certeza, fico com Diego.