A principal dúvida na escalação da Seleção Brasileira para o jogo contra o Peru, nesta terça-feira, está no ataque. Dunga pode optar por uma formação mais tradicional, com Ricardo Oliveira como centroavante, ou colocar Douglas Costa na esquerda da linha de três do meio-campo e adiantar Neymar como falso nove. Os colunistas de Zero Hora avaliam as alternativas.
Luiz Zini Pires
O que falta ao Brasil é treinador, um técnico dotado de conceitos contemporâneos de futebol. Falta “professor”. Em 16 meses, Dunga ainda não encontrou uma boa formação, capaz de jogar bem, produzir um futebol competitivo. Contra o Peru, uma das seleções mais frágeis do continente, a vitória, talvez uma goleada, pode ser saudada como uma evolução. Não será, será um jogo fora da curva. O problema é coletivo, as falhas aparecem em todos os setores. Trocar Ricardo Oliveira por Douglas Costa pode ajudar. Mas não é um jogador que fará a Seleção jogar mais ou menos. É o esquema tático, é a falta de um padrão tático que incomoda, que atrapalha tudo. Dunga é uma confusão só.
Leonardo Oliveira
O segundo tempo contra a Argentina mostrou, a partir da entrada de Douglas Costa, que a Seleção Brasileira avança algumas casas no tabuleiro do futebol moderno. A opção por William e Douglas Costa nos flancos vai além da escolha de dois dos melhores meias-atacantes da Europa no momento. Com eles e o dinâmico Lucas Lima, o Brasil começa a praticar o mesmo esporte que Alemanha, Chile e Colômbia, que a meu ver jogam o melhor futebol entre seleções.
Quanto a Neymar, será diferenciado mesmo se jogar de zagueiro. Mas quanto mais livre ficar, melhor. E como um falso centroavante, ele fica solto para usar sua técnica.
Diogo Olivier
Dunga tentou reproduzir, contra a Argentina, um desenho tático similar ao do Barcelona, para tentar tirar o máximo de Neymar. Ricardo Oliveira seria o dublê de Suarez, com Neymar na esquerda. Agiu corretamente: a lógica era adequada. O melhor para Neymar é o melhor para a equipe, todos sabemos disso. Mas não funcionou. Com Douglas Costa pela esquerda e Neymar mais adiantado, o time melhorou na segunda etapa. Não melhorou muito, mas jogou um pouco mais. Então, que se mantenha Douglas contra o Peru. Agora, e fundamental salientar que não adianta esquema tático ou individualizar nesse ou naquele sem um conceito claro: troca de passes, movimentação, volantes que participem da circulação da bola com rapidez, opção de base, organização ofensiva. E isso a Seleção ainda não mostrou.
*ZHESPORTES