Vem de São Gabriel um dos principais exemplos da destinação de jogadores quando acaba o Gauchão. O time da região central do Estado importou cinco atletas para tentar voltar à elite do futebol estadual em 2016. Não conseguiu, mas ao menos chegou à fase final.
Do desemprego à Série A: saiba onde estão 196 jogadores do Gauchão
Quatro destes jogadores estavam em campo na última rodada da primeira fase do Gauchão, em 5 de abril: o goleiro Lúcio, o zagueiro Carlão Farias e os volantes Toto e Henrique. O último acabou acertando sua saída após sofrer uma lesão. Márcio Bambu, que não disputou a partida derradeira do Estadual, completa o time de reforços da Série A.
Artilheiro do Gauchão vive dias vazios sem o gol pela frente
Ao todo, a Divisão de Acesso recrutou 19 jogadores do Gauchão. Para evitar os times de aluguel, a Federação incluiu no regulamento que só são permitidos três novos vínculos por clube. A solução das equipes foi contratar os atletas antes de o torneio começar, "emprestando" para o representante da primeira divisão.
Sem clube, volante virou sócio de loja de autopeças
Por isso, Carlão ficou fora do banco na maior parte dos jogos. Deu lugar a Lúcio, Toto e Bambu. Mas mesmo essa condição não incomodou tanto. Vinculado ao clube, o zagueiro que atuou pelo Cruzeiro-RS conseguiu receber seu salário, se manter na vitrine e garantir mais uns meses de tranquilidade.
Atacante já recebeu em dólar e agora se mantém no futebol sete
- É uma segurança (jogar a Divisão de Acesso). Dá um fôlego para o segundo semestre, quando a coisa aperta. As copinhas pagam menos - explica o defensor de 25 anos.
Grifes do Interior também sofrem com o desemprego
Foto: Félix Zucco
As "copinhas" a que se refere são os torneios criados pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) para movimentar o Interior na metade final do ano. Lúcio sabe bem disso. Dois anos atrás, tinha contrato com a Portuguesa e foi emprestado para dois times. No fim do segundo empréstimo, deveria retornar ao time da capital paulista.
Os jogadores que se deram bem e agora disputam o Brasileirão
Não foi aproveitado e passou seis meses só treinando. E não recebendo, é claro. Por isso, nem sempre um acordo mais longo é uma segurança. Não se opõe a fazer contratos mais curtos desde que garantam valores e condições prometidas, mesmo sabendo que pode acabar desempregado por um tempo.
Sindicato define desemprego no futebol como "descarte de homens"
- Já estamos acostumados a essa condição. Não dá para desanimar. Basta fazer um trabalho bom que logo já aparecem outras oportunidades - diz o goleiro de 25 anos que se notabilizou no último Gauchão ao defender um pênalti de Alex, do Inter.
Foto: Félix Zucco
Além do bom trabalho, é importante ter amizades e contatos. Muitos dos contratos de divisões inferiores e copas de segundo semestre são feitos por indicações de técnicos e atletas. A necessidade de algum reforço é dividida com jogadores e treinadores que acabam lembrando de amigos que tiveram sucesso.
É nisso que se apegam os jogadores que estão quase ficando desempregados novamente.
- Até porque não dá para desistir. Mesmo quando pensamos em largar tudo, lembramos de tudo o que já sacrificamos para viver esse sonho de jogar e ganhamos o gás que precisamos para não abandonar o que mais gostamos de fazer - conclui Lúcio.