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O mesmo grupo político dita as regras há 26 anos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dos três últimos presidentes, Ricardo Teixeira foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes, José Maria Marin está preso na Suíça, e Marco Polo Del Nero, em meio a escândalos de corrupção, tenta se manter no comando.
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Mas se engana quem pensa que o império erguido por eles está sendo destruído. A base disso tudo segue forte. Pelo sistema eleitoral da CBF, no qual o presidente é escolhido por meio dos votos das 27 federações e 20 clubes da Série A, ninguém vence eleição sem o apoio dos coronéis do futebol.
E eles estão totalmente envolvidos em um esquema que reúne perpetuação no poder, repasses milionários sem prestação de contas, manobras eleitorais e ligações com a política partidária.
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Nas 27 federações estaduais, dez presidentes estão há pelo menos 20 anos no comando. Para estender a permanência, eles fazem de tudo. As denúncias começam por compras de votos, passam pelo uso de ligas amadoras e chegam ao absurdo da violência, com perseguição aos oposicionistas.
Para se manter nos cargos, os presidentes contam com o apoio e o voto das ligas amadoras municipais. No Amazonas, por exemplo, são 19 clubes e 61 ligas amadoras. O apoio das ligas é suficiente para manter o presidente Dissica Valério Tomaz no poder há 23 anos.
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O presidente do Manaus Futebol Clube, Luís Mitoso, afirma que o apoio das ligas a Dissica dificultam a formação de uma chapa de oposição.
- As ligas, coitadas, vivem à míngua. Então é muito fácil você ter uma liga entregando bola, troféu, fazendo torneios, mandando coletes. Isso contempla muito favoravelmente a ele (Dissica) ter a liga em suas mãos - afirma Mitoso.
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No futebol do Tocantins, comandado pelo ex-senador Leomar Quintanilha há 20 anos, o ex vice-presidente do Gurupi Esporte Clube, Gil Correa, reclama que o futebol amador é mais fortalecido que o profissional.
- Aqui muita gente se vende por bola, joguinho de camisa, fica ali amarrado ao lado do poder - diz Correa.
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O presidente da Liga Municipal de Guaraí, no Tocantins, Jesley Borges, confirma que recebe apoio da federação.
- Eles sempre nos ajudam na questão de bolsas, coletes, troféus, eles estão sempre estão nos apoiando com isso - declarou Borges.
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A reportagem faz parte de uma série especial da Rádio Gaúcha.
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