Representante mais ilustre de um vitorioso clã da velocidade, o bicampeão da Fórmula-1 Emerson Fittipaldi encontrou, aos 68 anos, um herdeiro nas pistas. Filho do piloto que abriu o caminho para os brasileiros na principal categoria do automobilismo mundial, o menino Emmo Fittipaldi começa a dar os primeiros passos no kart quatro décadas depois do feito histórico do pai. Em 10 meses desde a primeira corrida, em São Paulo, o guri de oito anos já soma quatro vitórias em apenas oito corridas.
Emmo é o fruto do terceiro casamento do ex-piloto, com Rossana Fittipaldi, economista 31 anos mais jovem - o casal ainda tem uma menina de quatro anos, Vittoria. Na gelada manhã de ontem no Velopark, palco da última etapa do Campeonato Sul-Brasileiro de Kart, um orgulhoso Emerson conduzia o menino pelos boxes do circuito de Nova Santa Rita. Antes das tomadas de tempo no treino classificatório, o ex-campeão dava orientações ao pé de ouvido e tentava controlar a ansiedade de Emmo.
- É muita emoção. Mas estou muito feliz, porque ele vai dar continuidade à paixão da família pelo automobilismo - disse Emerson. Estou aqui para incentivá-lo. Os meus outros dois filhos (Jayson, hoje com 39 anos, e Luca, 23 anos) não gostaram de correr. Andaram um vez, e depois de quatro, cinco meses eu devolvi o kart. Nunca falei para eles voltarem. O Emmo, ao contrário. Andou um dia e já queria mais, mais, mais, mais - destacou o pai coruja.
- Ele é fissurado por kart. Quer andar a toda hora _ contou o treinador de Emmo, Renato Russo, maior campeão de kart do Brasil (foi oito vezes campeão no país). - O moleque acelera mesmo, sempre foi rápido - completou.
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Ainda avesso às entrevistas, Emmo procurava se concentrar antes de ir para a pista. O menino demonstrava contrariedade com a perda de duas posições no grid - punição imposta pela necessidade de trocar o motor do seu kart número 1 antes da última sessão de treino. Foi Emerson quem o ajudou a colocar o capacete e tentou acalmá-lo. O ex-piloto demonstrava a mesma serenidade que o consagrou nas corridas. Já a mãe... Rossana estava visivelmente nervosa ao ver o filho acelerar a quase 60km/h no kartódromo do Velopark:
- O Emmo exige que eu venha a todas as corridas. É muita adrenalina. Mas o que importa é que ele esteja feliz.
Enquanto acompanhava o desempenho do filho ao lado da pista, Emerson mantinha um olho em seu smartphone. O neto Pietro Fittipaldi, naquele momento, também disputava treinos classificatórios, só que do outro lado do Atlântico. Prestes a completar 19 anos, Pietro largará em quarto lugar, hoje, no grid da etapa de Spa-Francorchamps do Campeonato Europeu de Fórmula-3.
Já Emmo se classificou em sexto lugar na categoria Mirim. Na primeira bateria, chegou em quarto lugar, a 12s715 do vencedor da corrida, o paulista Enrico Martins. Na manhã de hoje, será disputada mais uma bateria. Para Emerson, será um novo aprendizado na trajetória recém-iniciada de Emmo no mundo da velocidade.
"Cada piloto tem a sua própria personalidade. Eu o vejo (Emmo) muito competidor na hora que larga para a corrida, tem muita vontade de ultrapassar, que é importante para um piloto. Ele não se acomoda de ficar atrás, quer passar. Ainda é muito cedo, mas ele tem muito talento, sabe pilotar e controlar bem o kart."
"Ele quer aprender rápido, também se cobra muito. Tem o lado bom e o lado ruim. Quando ganha uma corrida, ele fica muito feliz, mas quando perde... Ele fica chorando (risos)."
Emerson Fittipaldi, bicampeão da Fórmula-1
