Por mais que o Brasil ainda tente curar as feridas depois da humilhante goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha, o técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, surpreendeu nesta quarta-feira, ao declarar, em entrevista coletiva, que o desempenho dos comandados de Felipão "não foi um fracasso".
França e Brasil se enfrentam nesta quinta-feira, no Stade de France, palco de outro vexame brasileiro, o 3 a 0 da final da Copa de 1998, e Deschamps destacou em entrevista coletiva a importância de testar sua equipe "contra os melhores".
Que tipo de jogo você espera?
Didier Deschamps - O Brasil sai de uma Copa do Mundo que não podemos chamar de fracasso, por mais que tenha jogado em casa. Eles chegaram às semifinais, e nós paramos nas quartas. O placar pode ter sido traumatizante, mas eles mudaram bastante desde então. Vêm de uma sequencia impressionante (seis vitórias em seis partidas), com praticamente a mesma equipe, o mesmo esquema tático, e jogadores com muita qualidade. Com o quarteto ofensivo formado por Oscar, Neymar, Willian e Firmino ou Luiz Adriano, eles ganham muita velocidade, técnica e capacidade de desequilibrar. Ainda têm um ótimo bloco defensivo, com uma linha de quatro e os volantes para deixar a equipe mais estável. Observamos muitas coisas ótimas nestes seis jogos.
Será seu quinto confronto com o Brasil, o segundo como técnico, depois de três como jogador. É sempre o mesmo sentimento na hora de enfrentar a seleção?
Deschamps - Com certeza, o Brasil é o país do futebol. Vimos isso durante a Copa, há muita paixão. O jogador brasileiro é sempre muito prestigiado, brasileiros marcaram a história do futebol europeu e mundial. É a seleção pentacampeã do mundo, ainda é uma referência. Das quatro vezes em que enfrentei o Brasil, deu mais ou menos tudo certo para nós, menos na última (derrota por 3 a 0, em junho de 2013, em Porto Alegre). É interessante ter essa adversidade, vamos ter um jogo complicado, mas com a perspectiva de disputar a Eurocopa de 2016 em casa, é sempre bom enfrentar os melhores, e o Brasil ainda tem uma das melhores seleções do mundo.
O que você acha da fase atual de Benzema?
Deschamps - Ele está atuando em ótimo nível. É um jogador que não se contenta com o trabalho bem feito do passado. É um competidor, que ainda tem boa margem de progressão. Dá para perceber que está feliz no Real Madrid. Ele tem muita influência no jogo, tanto com seu clube quanto com a seleção francesa.
Que lembranças você guarda do Dunga como capitão do Brasil, que enfrentou na final da Copa de 1998?
Deschamps - Foi um grande jogador da seleção brasileira. Era um jogador muito influente, e atuava na mesma posição que eu, então há muito respeito entre nós. Encontrei com ele no Parque dos Príncipes, antes da partida entre Paris Saint-Germain e Barcelona, e conversamos um pouco. Ele fala italiano, como eu, então conseguimos bater um papo.
AFP