As câmeras de vigilância do Hospital Centenário, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, registraram (veja no vídeo acima) a entrada de quatro policiais militares em uma sala restrita na noite do último domingo. Eles tiveram acesso ao local onde o jovem Maicon Douglas de Lima, 16 anos, baleado em uma briga após a partida entre Novo Hamburgo e Aimoré, era operado. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu. A Polícia Civil investiga se os brigadianos trocaram projéteis.
A suspeita é que uma das balas que atingiu o menino foi trocada para confundir a apuração do caso. Os médicos que o atenderam removaram o projétil, que desapareceu e foi reapresentado pelos brigadianos horas depois. Conforme o relato de funcionários do hospital, a bala foi substituída, uma vez que teria marcas de sangue e não estaria com traços de concreto, como a que a corporação recebeu.
As imagens do vídeo publicado nesta reportagem reforçam a linha de investigação da Polícia Civil. O vídeo mostra a chegada de uma viatura da Brigada às 21h29min de domingo. O pai da vítima está dentro do carro e ajuda a levar o garoto, ainda com vida, para a maca. Em uma câmera interna, é possível ver os socorristas transportando Maicon para uma área restrita do hospital.
Onze minutos depois, os PMs que dirigiam a viatura ingressam na mesma sala e, logo depois, os outros dois percorrem o mesmo caminho. Todos ficam por pouco mais de dois minutos. Outra câmera externa do Hospital Centenário mostra os brigadianos conversando e, então, partindo para a delegacia.
Maicon fazia parte de uma torcida organizada do Novo Hamburgo (Reprodução)
Afastamento e inquérito militar
Na última terça-feira, cinco PMs envolvidos no tumulto que causou a morte de Maicon foram afastados do trabalho. Entre eles está o policial que admitiu ter atirado com munição comum durante a briga de torcidas, quando a orientação era usar balas de borracha. O confronto ocorreu depois do jogo entre Novo Hamburgo e Aimoré, válido pelo Campeonato Gaúcho.
O grupo foi afastado das funções ainda na segunda-feira e ficará à disposição dos responsáveis pela investigação do inquérito militar, procedimento instaurado pela BM para apurar a responsabilidade dos policiais na morte do adolescente.
- Os médicos serão ouvidos hoje e as armas foram encaminhadas para perícia. Os brigadianos suspeitos também falaram e alegaram que entregaram o material normalmente - afirma o tenente-coronel Luiz Fernando Rodrigues, comandante do 3º BPM, em Novo Hamburgo.