Campeão dos meio-pesados do UFC, o norte-americano Jon Jones, que testou positivo para cocaína em um exame antidoping realizado no mês passado, não foi punido e pôde lutar e vencer Daniel Cormier na semana passada no UFC 182, já que o uso de drogas recreativas não é proibido em períodos fora da competição.
O norte-americano foi testado em 4 de dezembro pela Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC). O exame detectou traços de benzoilecgonina, substância que resulta da metabolização da cocaína após seu uso.
A NSAC adota a lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), entidade que engloba mais de 200 países. Como em alguns locais o uso de drogas recreativas é liberado, a Wada preserva o direito dos atletas consumirem fora do esporte.
Durante as competições, a presença de cocaína e maconha nos testes só é punida para assegurar a preservação da imagem da prática esportiva como fiadora de uma vida saudável. Não há melhora no rendimento.
- A cocaína é um doping ruim porque é cara, seu efeito dura pouco e é facilmente detectável. O estado de euforia que ela gera dura de cinco a 10 minutos - lembra Eduardo de Rose, um dos fundadores da Wada.
Ainda que a cocaína dificilmente conste em exames de urina, já que desaparece cerca de 12 horas após o consumo, a benzoilecgonina permanece por mais tempo no organismo. Em casos de usuários frequentes da droga, pode ser detectada em até duas semanas após o uso.
O lutador publicou comunicado em que revela que foi internado em uma clínica para reabilitação de dependentes químicos.
- Com o apoio da minha família, eu entrei em um programa de tratamento. Gostaria de pedir desculpas para minha noiva, meus filhos, assim como meus pais e irmãos pelo meu erro. Gostaria também de pedir desculpas ao UFC, aos meus treinadores, meus patrocinadores e, igualmente, aos meus fãs. Estou levando o tratamento muito a sério. Eu, ao lado da minha família, gostaria de privacidade neste momento - escreveu Jones, que recebeu apoio público do UFC, ainda que a organização do evento tenha lamentado o resultado do exame.
Lutador punido reclama do UFC
O norte-americano Matt Riddle, que foi demitido do UFC em 2013 após ser flagrado em dois exames por uso de maconha, fez duras críticas à postura de apoio a Jon Jones da organização do evento.
- Vocês, idiotas, me demitiram por maconha e permitem que lutadores usem drogas pesadas sem consequências - escreveu.
Riddle testou positivo pela primeira vez em 2012 e foi suspenso por 90 dias. Reincidiu em fevereiro de 2013, o que causou sua demissão. A diferença de seu caso para o de Jones é que os testes foram realizados nas lutas, e não durante o período de treinamento e preparação.