Dia do Homem. Nem sabia que existia. Quem sabe? Quem se importa?
Ninguém.
Ninguém liga para nós.
O Dia da Mulher todo mundo sabe quando é. Oito de março. As mulheres ganham flores, intelectuais passam a semana escrevendo contra e a favor da data nos jornais e nas redes sociais, o Jornal Nacional é apresentado por duas jornalistas, todos dizem que o Dia da Mulher é todos os dias.
No resto do ano, a mesma coisa. As revistas tecem matérias didáticas sobre o orgasmo feminino, sobre o que agrada ou desagrada as mulheres, sobre como um homem deve tratá-las no restaurante, na balada, no café da manhã, no recôndito do lar, na alcova. As mulheres são incensadas como heroínas porque, além de serem rainhas do lar e protetoras da prole, trabalham duro, estudam com afinco e, à noite, estão lindas e cheirosas a fim de atrair os olhares. Os olhares dos homens? Não! Elas juram que não se importam com os homens. Juram que se arrumam para elas mesmas. Imagina se elas iam se arrumar para seres tão insignificantes como... homens.
O homem nem deveria olhar, quando uma mulher está assim tão enfeitada. Se ele olhar muito, pode ser acusado de assédio. Se bem que, se não olhar, podem dizer que ele é gay.
Um homem pode dizer que as mulheres são mais inteligentes, sensíveis, competentes e belas do que os homens. Se ele disser que os homens são mais inteligentes, sensíveis e competentes, será chamado de machista. Se disser que são mais belos, será chamado de gay. Se reclamar porque o chamaram de gay, será chamado de homofóbico.
As mulheres modernas vivem repetindo que não precisam dos homens. Elas ganham o seu dinheiro, elas cuidam delas mesmas e algumas preferem se relacionar com outras mulheres, como mostrou a novela das 9. Homens servem apenas para eventuais necessidades reprodutivas. Por enquanto - as pesquisas genéticas estão avançadas.
Então, para que isso de Dia do Homem? Nós não queremos. Deixem-nos no nosso canto, com a nossa cerveja que vocês acham vulgar, o nosso mocotó de que vocês sentem nojo, o nosso clássico do XV de Piracicaba contra o Noroeste de Bauru, a nossa reprise do Duro de Matar VIII. Deixem-nos com a nossa insignificância. Deixem-nos fazer, entre nós, as coisas pelas quais vocês sentem asco, como contar piada, jogar palitinho e ver o UFC. Deixem-nos! Não queremos datas comemorativas. Sabemos que o Dia do Homem é dia nenhum.
Opinião
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David Coimbra
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