Messiânico
A presença de José Maria Marin na Granja Comary foi um grande acontecimento. A chegada foi de helicóptero, cheia de estilo, causando correria entre os jornalistas que estavam curiosos para ver que eram os passageiros. Repórteres, cinegrafistas e fotógrafos postados, eis que desce Marin e vem ao encontro de todos, acenando para a imprensa e abrindo os braços como um vitorioso, saudando e perguntando se a estrutura oferecida está suficiente. O Presidente da CBF tem a forma de agir dos antigos políticos, parecendo ignorar que há muitas divergências, contestações e até denúncias contra sua postura. Sua resposta são gestos e palavras paternais que terminam com agradecimentos algumas vezes sem razão alguma. Isto vai mudar com seu sucessor. Marco Polo Del Nero, que chegou junto, pouco foi notado e provavelmente adotará postura mais discreta quando assumir a CBF.
Interrupção
A entrevista acontecia. David Luiz iria começar a responder uma pergunta e um barulho forte começou a ser ouvido. O helicóptero que levaria o presidente José Maria Marin de volta para o Rio de Janeiro aquecia os motores ao lado do Centro de Imprensa. Parou tudo e por quase cinco minutos, até a decolagem, não havia nem perguntas e nem respostas. O zagueiro se limitou a dizer em tom de brincadeira: “É o presidente, vamos respeitar...” Com Marin nos ares, foi retomada a coletiva.
Personagem
Não tem como negar: José Maria Marin foi “o cara” na sexta-feira em Teresópolis: chegou de helicóptero, almoçou com os jogadores, ouviu manifestação de Thiago Silva, fez com que atrasasse em uma hora a entrevista coletiva de David Luiz e Willian, que foi interrompida pelo barulho de sua aeronave na saída e, consequentemente fez com que fosse adiado em uma hora o treino vespertino.
Perigo
As marcas da tragédia que assolou Teresópolis em 2011 ainda existem por todos os lados e algumas são vizinhas à Granja Comary. Nos morros ao redor do centro de treinamento da CBF há áreas desmatadas e ainda mostrando sinais dos deslizamentos. O mais grave é que pouco risco permanente. Até hoje moradores da cidade reclamam mais e melhor distribuição de verbas que foram prometidas quando da enchente que matou 392 pessoas.
Parceria
A entrevista coletiva de David Luiz e Willian foi um momento de convivência entre dois grandes amigos. Eles se conhecem desde quando tinham oito anos e jogavam na escolinha de futebol de Marcelinho Carioca em São Paulo. “Naquele tempo o David não tinha este cabelo e era mais magro”, lembra na gozação. O meia brincou muito com o zagueiro, dizendo que é um dos seus ídolos no futebol mundial e que vai sentir saudade quando David for para o Paris Saint Germain. Willian é grato ao amigo que foi decisivo quando de sua indicação para o Chelsea e prometeu ser companheiro até depois de encerradas as carreiras.
Ídolo
Grande papo e consciente nas respostas, o meia Willian disse que admira muitos craques do passado, mas que seu grande ídolo é Ronaldinho Gaúcho: “Costumo ver muitos vídeos dele para tentar fazer algumas jogadas iguais”, revelou. Perguntado sobre um grande jogador no futebol europeu, não titubeou: “Iniesta”. Depois citou Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi. Sobre sua opção quando saiu do Brasil aos 18 anos e foi para a Ucrânia, reconheceu: “Não posso negar que meu sonho não era jogar no Shaktar Donetsk, mas foi um aprendizado importante e uma oferta boa, da qual não me arrependo de ter aceitado. O Shaktar tem parte na minha convocação para a Copa”.
Cabeleiras
David Luiz, Marcelo, Willian e Dante fazem o quarteto dos cabeludos da Seleção. Willian disse que dá muito trabalho cuidar dos cabelos, mas que tem certeza que o estilo cai muito bem nos quatro. Não deixou, entretanto de alfinetar o amigo David Luiz dizendo que “No caso dele (David) tem que dar alguns retoques”.
Terapia
A psicóloga Regina Brandão nas conversas com o grupo de jogadores da Seleção tentou exorcizar qualquer fantasma da derrota da Copa do Mundo de 1950, tirando desta geração qualquer responsabilidade por algo que eles não viveram. O “Maracanazo”, no entanto, segue presente e David Luiz deixou claro quando se referiu ao fato de outros países terem vencido e depois perdido mundiais como anfitrião: “Grandes seleções ganharam e perderam mundiais em casa. O Brasil só perdeu. Chegou a hora de ganhar.” Um ponto que causa também preocupação em Regina Brandão é o que ela julga ser uma empolgação pequena do povo brasileiro com a Copa do Mundo. Ela não quer que os jogadores sintam isto como desprestígio.