A torcida Geral do Grêmio afirmou, em nota publicada em seu perfil oficial do Facebook, que os cânticos com a palavra "macaco" vão continuar. Segundo o documento, as letras não têm conotação racista e as músicas serão entoadas no clássico deste domingo.
Confira a nota na íntegra:
"Nota Oficial.
Acompanhando os recentes e lamentáveis episódios envolvendo a prática de racismo no campo do esporte e, preocupados com a interpretação equivocada de nossas práticas visto que mais um clássico Grenal se aproxima, a Geral do Grêmio vem a público, por intermédio desta nota, afirmar e esclarecer o que segue:
Primeiramente, se faz necessário esclarecer que a Geral do Grêmio, embora tenha adquirido uma estrutura consistente ao longo dos anos, não é e nunca foi uma torcida organizada do Grêmio. A Geral é um setor do estádio onde milhares de gremistas, de diferentes raças e crenças, se reúnem para torcerem e apoiarem o time. Foi a identificação com esse setor do estádio que deu início a consolidação do que hoje conhecemos por Geral do Grêmio, uma das principais responsáveis pela torcida do Grêmio ser uma referência no país.
Em segundo lugar, e não menos importante, a Geral do Grêmio afirma que não compactua com os recentes acontecimentos envolvendo práticas racistas no meio futebolístico e, ainda, que repudia toda e qualquer forma de discriminação seja ela praticada no esporte ou fora dele. Justamente por isso, julgamos necessário também esclarecer que não há, de modo algum, conotação racista no termo “macaco” utilizado em alguns cantos de nossa torcida. A expressão é antiga e explorada inclusive pelo próprio internacional que, a partir de 2009, passou a utilizar um macaco, nomeado escurinho, como seu mascote.
A origem dessa expressão é de 1912 numa fase do nosso rival conhecida como “Era do Eucaliptos”. Na época o internacional havia alugado a chácara dos Eucaliptos, uma alameda com frente para a Rua da Azenha, no início da José de Alencar, o primeiro local de jogos exclusivo do Inter. Ocorre que, naquela época, alguns torcedores colorados subiam em árvores para assistirem aos jogos no Eucaliptos e foi daí que depreendeu-se a expressão “macaco”.
Outro fato, que urge ser esclarecido, é que tanto Grêmio quanto internacional em suas origens não aceitavam jogadores negros em suas equipes e, somente nos anos 20, foi que o internacional passou a aceitar negros em seus planteis e quadro social. Sendo seguido pelo Grêmio anos mais tarde. Entretanto, isso não significa que a torcida gremista seja racista.
Infelizmente existem torcedores racistas tanto gremistas como colorados, isso é uma triste realidade. Aliás, existem racistas espalhados pelo mundo inteiro. E, aproveitar-se das recentes polêmicas para atingir uma torcida tão representativa como a Geral do Grêmio é, no mínimo, um ato covarde. Quem pratica o racismo renega a história do próprio clube, pois muitos foram os ídolos negros que deram alegrias tanto a gremistas quanto a colorados.
Enfatizamos, por fim, que não declinaremos de nossos cantos e nossa força para apoiar o Grêmio por conta dos que tentam nos enfraquecer. E APELAMOS PARA QUE O CLUBE APOIE SUA TORCIDA, QUE DÁ A ALMA A CADA JOGO E QUE SEGUE O TRICOLOR AONDE ELE FOR.
Somos a Geral do Grêmio e nosso canto sempre irá ecoar onde o Grêmio estiver."