Subir cinco lances de escadas foi o maior desafio dos torcedores colorados dentro do estádio do Grêmio. Após um deslocamento tranquilo, patrulhado pelo Batalhão Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar e Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a única preocupação da torcida dentro da Arena foi torcer. Do resto, a presença ostensiva da BM e de monitores de segurança se encarregou.
Para impedir contato entre os rivais, tapumes de quase três metros foram colocados, evitando arremesso de objetos e o apelo visual, que tradicionalmente é causador de conflitos mais sérios. O isolamento dos colorados não evitou as provocações, elemento constante nos cânticos dos vermelhos.
Apesar da estreia do clássico na nova casa do Grêmio ter acabado em empate, os torcedores saíram do local com uma boa impressão. Para o servidor público federal Humberto Almeida, que veio do Rio de Janeiro especialmente para o Gre-Nal, elementos como a segurança, a acústica e o rápido escoamento dos torcedores da Arena chamaram a atenção.
- Cinco minutos depois do jogo, não tinha mais ninguém no estádio - observou Almeida, em relação à torcida gremista.
Mesmo sendo moradora do Humaitá, a estudante Luana Duarte foi até o Beira-Rio para se unir ao grupo de colorados e chegar com segurança ao jogo. Acompanhada da mãe Rosana Duarte, ele disse que aguardava com ansiedade por torcer para o Inter na vizinhança.
Uma vigilante que trabalha na equipe de segurança do estádio e prefere não se identificar, disse que, de modo geral, a torcida se comportou bem. Porém, a estreia foi marcada por pequenos atos de vandalismo:
- Vi seis cadeiras sendo quebradas. É uma pena, foi a torcida que mais causou danos até hoje.
Organização elogiada por torcedores
Primeiro torcedor colorado a adquirir o ingresso para o Gre-Nal, o representante comercial Emerson Nery elogiou o esquema montado para o jogo. Segundo ele, o Gre-Nal de número 397 foi um dos clássicos mais organizados da história:
- As oitos horas de fila valeram a pena para chegar em um estádio como esse, e ter um deslocamento padrão Fifa. Foi a primeira vez que cheguei no adversário sem levar pedrada ou sofrer ameaças - diz o torcedor.
Já o administrador Adriano Santos, 47 anos, não se surpreendeu com a estrutura. É que ele já tinha estado na Arena outras duas vezes, e a primeira impressão ocorreu no jogo da Seleção Brasileira, no ano passado. Desta vez, porém, a torcida teve uma emoção especial:
- Torcer junto dos meus amigos tem mais graça. Vim com 10 pessoas, e está todo mundo vibrando aqui.
Marcelo Sant'Ana, 30, bancário, conseguiu o ingresso no domingo, aos "45 do segundo tempo". No dia da compra, estava trabalhando e não teve liberação. Graças a um desistente, comprou a entrada ao meio-dia de domingo e conseguiu acompanhar a estreia do Inter na Arena.
- Cheguei às 9h30min no Beira Rio, e fiquei por ali, tentando. Avisei todos os amigos que estava lá. Até que deu certo. Foi a minha glória. Esse dia é histórico - comemorou.