Advogado e cidadão emérito de Porto Alegre, Antônio Carlos Côrtes — remanescente do grupo Palmares e um dos criadores do Dia da Consciência Negra — publicou uma nota de repúdio às ofensas proferidas contra Roger Machado, técnico do Inter, depois da entrevista coletiva pós-jogo contra o Fluminense.
Na ocasião, Roger falou que, apesar das "evoluções" contra o racismo, "os avanços ainda são pequenos", tanto no futebol, quanto na sociedade.
Nas redes sociais, alguns usuários criticaram as falas do comandante colorado, único técnico negro na Série A do Brasileirão.
Conforme Côrtes, Roger está correto em manifestar sobre a questão:
"O Sr. Roger exerceu seu direito de opinião em um Estado Democrático de Direito", escreveu.
Procurado por Zero Hora, Cortês relata que, no seu entendimento, os ataques a Roger são fomentados pelo fato de o Rio Grande do Sul ainda ter muitas pessoas com comportamentos preconceituosos.
— Aduzo que vivemos no Estado mais racista do Brasil. (Temos) O exemplo do infeliz verso do hino que diz: "Povo que não tem virtude acaba por ser escravo", que expressa bem este racismo — disse.
Veja a nota na íntegra
"Nota de Desagravo em favor de Roger Machado
Na condição de um dos fundadores do Grupo Palmares, venho a público manifestar nosso desagravo ao eminente Sr. Roger Machado técnico do S.C. Internacional, em face a graves ofensas sofridas em redes sociais, por haver se manifestado em favor da importância do Dia da Consciência Negra.
Como cidadão, o Sr. Roger exerceu seu direito de opinião em um Estado Democrático de Direito.
Os ataques racistas agridem não somente a ele, mas, também, a toda a população negra brasileira".
*Produção: Nikolas Mondadori