Em uma conversa com diversos jornalistas que cobrem o dia a dia do clube, a direção do Inter apresentou nesta sexta-feira (20) o CT Parque Gigante, agora completamente reformado após as enchentes, e atualizou a situação financeira. O cálculo do prejuízo dos temporais de maio está estimado em R$ 90 milhões, distribuídos entre gastos para reformas e verba que deixou de entrar nos cofres. Ainda assim, os dirigentes garantem que têm dinheiro para manter em dia os salários e direitos de imagem de jogadores e demais funcionários.
Por mais que calcule uma redução de cerca de R$ 100 milhões na dívida atual do clube na comparação com a correção da taxa Selic, a enchente de maio acabou com qualquer perspectiva de melhora financeira. O "impacto negativo", termo usado pelo presidente Alessandro Barcellos para explicar a condição atual, está bem próximo disso.
Os aproximadamente R$ 90 milhões são divididos assim: em termos concretos, ou seja, que o clube teve de gastar foram R$ 19 milhões em perdas materiais (estrutura de CT e estádio, equipamentos, vestiário, entre outros), R$ 7 milhões em logística e R$ 5 milhões em inadimplência de associados. Some-se a isso, uma estimativa de R$ 25 milhões que o clube planejava e via ocorrer no crescimento do número de sócios e R$ 33 milhões em premiações (a direção entende que o time perdeu competitividade esportiva pelo período sem treinos e sem poder jogar no Beira-Rio, por exemplo).
Auxílio na enchente
O clube recebeu R$ 2 milhões da CBF, como um auxílio na questão logística. Essa verba pode aumentar nos próximos dias. Mas não houve qualquer ajuda do governo até agora, como ocorreu com empresas atingidas pela enchente. A direção trabalha para obter alguma forma de auxílio em bancos como o BNDES ou benefícios fiscais, mas tudo está em fases iniciais.
Isso tudo tende a fazer o caixa fechar o ano no vermelho. Até agora, o déficit orçado para julho saltou de R$ 92 milhões para R$ 144 milhões. Normalmente, os últimos meses são de crescimento econômico, mas mesmo que consiga bons contratos, alguma venda de atleta ou diminuir o custo (como no caso da folha salarial do futebol profissional, que baixou para R$ 13,5 milhões mensais no segundo semestre), será difícil reverter a situação.
Por isso, buscar novas receitas e reduzir despesas são prioridades para 2025. Veja as principais ideias.
Plano de debêntures
Os dirigentes desejam lançar ainda em 2024. Nele, investidores aplicam dinheiro no clube em troca de uma compensação financeira maior no futuro. Isso prevê a arrecadação de R$ 200 milhões com a emissão de títulos no mercado e tem como objetivo mudar o perfil da dívida do clube. A ideia é utilizar o valor para quitar débitos de curto prazo de forma imediata. Como consequência, o clube passaria a dever ao investidor, porém, com um prazo de pagamento maior e uma taxa de juros menor ao dos débitos atuais.
Novos patrocínios
Os principais patrocinadores, como o Banrisul, têm vínculo terminando no final do ano e uma nova negociação será feita. O mercado esportivo está aquecido no momento e existe expectativa de aumentar o valor.
Cotas de TV
A Liga Forte União (LFU) está tratando da transmissão dos próximos Campeonatos Brasileiros. Barcellos garantiu não estar arrependido de ter fechado o acordo que repassou 20% do valor arrecadado em vendas de direitos de TV pelos próximos 50 anos. Segundo ele, a proposta avaliada pelo Conselho Deliberativo era idêntica à da Libra. Como a LFU tem 12 clubes da Série A atual (contra oito da Libra), ele acredita que o valor, mesmo descontado, será maior do que o integral pago pela outra liga.
Venda de jogadores
O Inter orçou arrecadar R$ 135 milhões com vendas de atletas em 2024. Até o momento, conseguiu cerca de R$ 114 milhões. Mesmo com a janela fechada, não estão descartadas negociações cujo pagamento ocorrerá agora, mas o jogador sai em janeiro.
Redução de custos
A folha salarial do futebol profissional está estimada em R$ 13,5 milhões. O valor foi reduzido em R$ 700 mil (que chega a R$ 1 milhão se considerar encargos) no fechamento da janela do meio do ano.
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