Oficializado como novo zagueiro do Inter, Clayton Sampaio chega ao Beira-Rio como atleta de pouco cartaz no futebol brasileiro. Prova disso é que, no mesmo texto em que comunicou sobre a contratação, o Inter trouxe estatísticas do jogador na última temporada, como porcentagem de vitórias em duelos aéreos (58%), média de bolas recuperadas (cinco) e precisão de passes na saída de bola (84%). Dados incomuns para um anúncio oficial.
A falta de conhecimento sobre o atleta se deve ao fato de ele ter construído toda a carreira longe dos grandes holofotes. Revelado na base do Santos, disputou posição com Kaique Rocha, ex-Inter e que atualmente está no Athletico-PR, Vitor Mendes, hoje no Fluminense, e Wagner Leonardo, do Vitória. Sem sucesso, migrou para o time sub-20 do EC São Bernardo-SP, e em seguida para Portugal, com apenas 19 anos, permanecendo por lá até os dias atuais.
— É um zagueiro com explosão fora do comum, uma impulsão que vi em poucos atletas e bate muito bem na bola. Nós usávamos o 4-4-2 e o 3-5-2, e ele joga muito bem com três zagueiros também, pela lateral do campo. É espetacular e jovem. Não sei como o Santos não aproveitou ele na época — descreve o treinador de goleiros brasileiro Luiz Henrique de Andrade, mais conhecido como Ica.
No início de 2024, Ica esteve no Boavista, que disputou o Campeonato Carioca. Mas, até o ano passado, trabalhava no Nacional da Ilha da Madeira, onde conviveu com Clayton. O jovem zagueiro, por sua vez, havia passado pelo time sub-23 do Famalicão, além de Felgueiras e Real, da Terceira Divisão portuguesa.
— Ele não pode chegar e cobrarem alto nível dele. Não vai render porque, há quantos anos ele está fora (do Brasil)? Tem que ser dado um período de adaptação, como demos a ele para chegar de uma Terceira para a Segunda Divisão portuguesa, para entender o jogo, a maneira como o treinador queria jogar. Mas ele jogava fácil com a gente. Foi fundamental para a equipe, tanto que no ano seguinte foi embora — analisa o profissional, citando a venda para o AVS SAD, em junho do ano passado.
De fato, no Inter, Clayton viverá uma experiência diferente. Mesmo que tenha sido peça fundamental do acesso do clube da cidade de Aves, disputou apenas dois jogos na Primeira Divisão portuguesa: empate com o Nacional e derrota para o Gil Vicente, além dos confrontos contra o Portimonense, válidos pelos playoffs.
Ainda assim, com a ressalva feita, Ica aposta no sucesso do atleta de 24 anos com a camisa colorada.
— Te garanto, pela minha experiência no futebol, que não vejo o potencial desse garoto em outros zagueiros aqui no Brasil. Quem indicou e quem olhou, escolheu muito bem. É um profissional exemplar, dedicado e tem aquilo que a gente fala: está com fome. É um jogador que precisa trabalhar e tem potencial para isso. Acho que foi uma grande contratação e vai dar muito certo — conclui o treinador de goleiros brasileiro.